Desde quando Marcos Molina se transformou no controlador da BRF por meio da Marfrig, todos se perguntavam quando as duas empresas iriam se juntar. Na noite de ontem, Molina, controlador de ambas as empresas, finalmente anunciou a incorporação da BRF.
Agora juntas, nasce uma nova companhia, batizada de MBRF Global Foods Company, uma nova gigante da indústria de alimentos, com receita anual estimada em R$ 152 bilhões.
“Esse era um caminho natural para a empresa ser mais simples, ficar multi-proteínas e aproveitar todas as sinergias que a gente tem. Fizemos as sinergias que existiam na BRF e na Marfrig e agora chegou o momento de entrar no ajuste fino”, disse Molina, em conversa com jornalistas.
E esse ajuste fino não é pouca coisa. Em valores anualizados, são R$ 805 milhões já mapeados nas áreas de logística, comercial, suprimentos e custos que poderiam ser economizados. Desse total, R$ 500 milhões podem ser capturados nos 12 primeiros meses.
Porém, para isso ocorrer, as empresas precisavam estar juntas. Daí a motivação para que a Marfrig incorporasse a BRF.
Fora as sinergias operacionais, existem também as tributárias. Segundo Miguel Gularte, CEO da BRF, trazidos a valor presente, existem mais de R$ 3 bilhões em otimização fiscal que também podem ser capturados.
A incorporação ocorrerá por meio da troca de ações. Os acionistas da BRF receberão ações da Marfrig, na proporção de 0,8521. Além disso, como parte da negociação, a BRF distribuirá R$ 3,52 bilhões em proventos extraordinários aos acionistas que aceitarem a troca, enquanto a Marfrig distribuirá R$ 2,5 bilhões. Seja do lado da Marfrig ou da BRF, quem não aceitar a incorporação receberá pelas ações detidas, mas ficará de fora da distribuição dos proventos extras.
A união das operações abre espaço para a redomiciliação da MBRF. Na prática, isso significa dizer a transferência do domicílio fiscal da empresa para os Estados Unidos e, consequentemente, listagem das ações da nova empresa nas bolsas americanas.
E isso não é por acaso. Com a união, a MBRF passará a ter 43% de sua receita gerada a partir das operações que a Marfrig tem nos Estados Unidos, mais especificamente, a National Beef. Outros 20% serão gerados a partir dos negócios na Ásia e Oriente Médio e o restante no Brasil.
“Vamos trabalhar para estabelecer o tempo e a forma que isso pode ser alcançado. Esse não é o objetivo que nos motivou a fazer a fusão, mas está presente no nosso radar como uma possibilidade muito concreta”, disse Miguel Gularte, CEO da BRF.
Paralelamente ao anúncio da incorporação, ambas empresas apresentaram seus balanços, referentes ao primeiro trimestre de 2025. A BRF teve o melhor início de ano de sua história, com um lucro líquido de R$ 1,2 bilhão, duas vezes maior que o registrado no mesmo período do ano passado.
A receita líquida da companhia cresceu 16% no período, para R$ 15,5 bilhões, enquanto o Ebitda aumentou 30%, para R$ 2,8 bilhões. “Os números do primeiro trimestre mostram que a gestão eficiente possibilitou melhorar o desempenho de forma contínua, com maior ocupação dos ativos atuais”, disse Gularte.
Já na Marfrig, o lucro líquido do primeiro trimestre foi de R$ 88 milhões, com crescimento de 40,3% em relação ao mesmo período do ano passado. A receita líquida subiu 27%, para R$ 38,6 bilhões, enquanto o Ebitda registrou aumento de 20,8%, para R$ 3,2 bilhões.
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