Os novos passos do CTC para dobrar a produtividade dos canaviais

Variedades mais produtivas e tolerantes a pragas e ervas daninhas, além do projeto de sementes sintéticas, movem avanço da empresa
Fernando Lopes

Referência global em inovações voltadas à produção de cana-de-açúcar, o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) detalhou ontem a acionistas, fundos de investimento, analistas, lideranças setoriais e políticos sua estratégia para dobrar a produtividade das plantações no Centro-Sul do país até 2040, meta que traçou em outubro de 2023.

Em evento realizado em sua sede em Piracicaba, no interior paulista, a companhia reuniu desde pesos pesados do segmento, como o empresário Rubens Ometto, controlador da Cosan – sócia da gigante Raízen -, até o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que surpreendeu muita gente ao chegar para o almoço.

E o cardápio foi variado. O CTC apresentou o primeiro produto de uma nova série de variedades com foco em produtividade, uma plataforma biotecnológica que alia tolerância à praga da broca ao controle de ervas daninhas e as últimas evoluções de seu projeto de sementes sintéticas, que promete revolucionar o plantio de cana no país nos próximos anos..

“A cana ainda tem muito potencial a ser explorado”, afirmou Cesar Barros, CEO do CTC há quase dois anos, no início do CTC Day. O executivo, é claro, elencou as vantagens das novidades na vitrine, e não perdeu a chance de vincular os reflexos positivos do pretendido aumento de rendimento das lavouras de cana a questões ambientais.

“Se dobrarmos a produtividade dos canaviais até 2040, evitaremos a emissão de 178 milhões de toneladas de CO2, ou metade das emissões da França em 2024”, disse Barros. Na safra 2022/23, o rendimento das plantações do Centro-Sul foi de 74,6 toneladas por hectare, e o objetivo é que a média alcance 149,3 toneladas em 2042/43.

Sucesso no campo, os contratos de licenciamento das variedades do CTC com cerca de 250 usinas e 600 fornecedores independentes respondem por mais de 90% da moagem de cana no Brasil, sendo que a matéria-prima se espalha por uma área total de aproximadamente 10 milhões de hectares no país.

Para os executivos da empresa, não há dúvida que a nova série mais produtiva e a plataforma biotecnológica com dupla tolerância, que já estão entrando no mercado, serão campeãs de vendas. Mas a menina dos olhos do CTC é o projeto de sementes sintéticas, desenvolvidas para substituir o plantio tradicional – que, basicamente, já dura cinco séculos.

Com as sementes sintéticas, enriquecidas com material genético em laboratório e depois implantadas na terra, em cápsulas biodegradáveis e com maquinário em desenvolvimento por parceiros como John Deere e Civemasa, o produtor não precisará mais dedicar ao menos 5% de sua área para a produção de mudas, poderá dispensar os viveiros, adotar mais rapidamente novas tecnologias e simplificar o manejo das plantações.

Desde 2012, o CTC investiu R$ 2 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, e nos últimos tempos a maior parte dos recursos foi destinada ao projeto das sementes – que, no total, deverá absorver cerca de R$ 1 bilhão até chegar ao mercado, nos próximos anos. Enquanto isso, os melhoramentos que vêm sendo desenvolvidos darão conta do recado.

Segundo números preliminares, na recém-encerrada safra 2024/25 a receita líquida do CTC cresceu 4,7%, para R$ 400 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) chegou a R$ 200 milhões, a margem Ebitda atingiu 50% e o lucro líquido foi de R$ 155 milhões. 

Outro indicador que anima a direção do CTC, que tem o capital dividido entre Copersucar (24%), Raízen (21%), BNDES (19%), Atvos (6%), São Martinho (5%) e Tereos (5%), entre outras empresas, é a receita futura proveniente das variedades já adquiridas pelos clientes, que hoje alcança R$ 1 bilhão.

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