Depois de ter crescido expressivos 23% em 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) da cadeia da soja e do biodiesel não resistiu à quebra da safra 2023/24 e registrou queda de 5,03% no ano passado no país, segundo cálculos feitos em parceria pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).
Esse percentual foi calculado sob a perspectiva dos volumes movimentados ao longo da cadeia. Levando-se em conta também as variações dos preços relativos praticados, a redução do chamado PIB-renda foi de 3,3% em 2024, para R$ R$ 650,4 bilhões, montante equivalente a 23,8% do PIB do setor de agronegócios e a 5,5% do PIB nacional, conforme os autores do estudo, divulgado nesta quinta-feira.
“Dentro da porteira”, o PIB-volume da soja caiu 13,53% em 2024, o que afetou diretamente o resultado dos serviços ligados à cadeia produtiva como um todo, que diminuiu 3,44% na comparação com 2023. Em contrapartida, no elo que envolve os insumos (sementes, fertilizantes e defensivos, entre outros) houve alta de 3,98%, e no ramo agroindustrial o avanço foi de 2,81%. Neste último, o destaque foi o crescimento do biodiesel, de 20,45%, mas esmagamento & refino e rações também tiveram melhora – 1,56% e 2,7%, respectivamente.
Nos cálculos do PIB-renda de 2024, a produção primária de soja participou com R$ 147,1 bilhões (retração de 18,2% ante 2023), os agrosserviços responderam por R$ 384,5 bilhões (+1,3%), a agroindústria representou R$ 88 bilhões (+8,2%) e a área de insumos somou R$ 30,8 bilhões (-3,1%). Ou seja, quedas de preços médios anuais aprofundaram o tombo “dentro da porteira” e prejudicaram o resultado dos insumos, mas valorizações favoreceram os serviços e maximizaram o avanço agroindustrial.
Mercado de trabalho
Diante da desaceleração do PIB, o número de pessoas ocupadas na cadeia brasileira da soja e do biodiesel registrou baixa de 3,2% no ano passado, para 2,263 milhões de pessoas – 1,569 milhão em agrosserviços (queda de 5% ante 2023), 467,5 mil na produção de soja (-2,6%), 137,6 mil no segmento de insumos (+3,5%) e 88,9 mil na agroindústria (+20,7%). As atividades de esmagamento e refino puxaram para cima o número de pessoas ocupadas no elo agroindustrial, com alta de 42,2%, para 33,7 mil.
Exportações
Por fim, o estudo apresentado por Abiove e Cepea confirmou que as exportações da cadeia mais importante do agro brasileiro atingiu 124,1 milhões de toneladas em 2024, com queda de 2,5% em relação ao ano anterior. E que, com a queda de preços, a retração da receita dessas vendas chegou a 19,7%, para US$ 54,3 bilhões. A soja em grão liderou a pauta, com US$ 42,9 bilhões (-19,3%), seguida por farelo, com US$ 9,7 bilhões (-15,7%) e óleo, com US$ 1,3 bilhão (-47,8%). O restante é composto por glicerol, biodiesel e proteína de soja.
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