EUA barram o aço, mas puxam demanda externa por ovo do Brasil

País se tornou o segundo maior destino das exportações brasileiras e já responde por 20% de todo embarque nacional do produto
Alexandre Inacio
(Crédito: Wenderson Araujo/Sistema CNA/Senar)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode até estar implicando com as exportações brasileiras de aço para o mercado americano. A nova tarifa de importação já entrou em vigor e o setor tenta de alguma forma reverter a decisão ou pelo menos amenizá-la.

Porém, o mesmo não pode ser dito em relação aos ovos. Os embarques do produto brasileiro para o mercado americano praticamente dobraram em fevereiro. A cada cinco ovos exportados pelo Brasil, um foi para os Estados Unidos.

No mês passado, as vendas externas de ovo do Brasil para os Estados Unidos somaram 503 toneladas. O volume representa um crescimento de 93% em comparação ao mesmo período do ano passado. Em receita a situação não é diferente. Os embarques renderam às indústrias US$ 716,2 mil em fevereiro, um aumento de 70%.

Com o desempenho do mês passado, os Estados Unidos assumiram a segunda colocação entre os principais destinos do ovo brasileiro, mas já muito próximo do primeiro. Os Emirados Árabes seguem no topo do ranking, com importações de 548 toneladas em fevereiro.

A demanda americana foi a grande responsável pelo crescimento das exportações brasileiras em fevereiro. Conforme dados compilados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os embarques cresceram 57,5% em fevereiro e somaram 2.527 toneladas. Em fevereiro do ano passado o Brasil havia exportado 1.604 toneladas.

Os atuais patamares do dólar também ajudaram na receita. As exportações renderam às indústrias US$ 4,93 milhões, 63,2% a mais do que no mesmo período de 2024.

“Os embarques de ovos seguem em ritmo ascendente, especialmente pela demanda de mercados como Estados Unidos, Japão e México. O incremento do volume exportado indica a confiança internacional no setor produtivo brasileiro, seja pela qualidade dos produtos ou pelo status sanitário da nossa avicultura”, disse Ricardo Santin, presidente da ABPA.

Ovo e a inflação no Brasil

Hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou um novo aumento na inflação do Brasil. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 1,31% em fevereiro. Essa foi a maior variação mensal desde março de 2022.

Novamente, o grupo de alimentos e bebidas foi o principal responsável pela disparada do indicador, com alta de 0,7%. O segmento contribuiu com 21,8% para o desempenho do IPCA em fevereiro e foi o maior peso entre os oito grupos acompanhados pelo IBGE.

As exportações de ovos, contudo, estão longe de ter algum impacto sobre a inflação de alimentos no Brasil. As vendas externas representam menos de 1% de tudo o que o país produz. A expectativa é que sejam produzidas 59 bilhões de unidades em 2025.

A valorização dos preços dos ovos em fevereiro se deu por um aquecimento sazonal na demanda, no período pré e durante a quaresma, quando há substituição de consumo de carnes vermelhas por proteínas brancas e por ovos.

Além disso, os custos de produção acumularam alta nos últimos meses, com elevação de 30% no preço do milho e de mais de 100% nos custos de insumos de embalagens. Ao mesmo tempo, as temperaturas em níveis históricos têm impacto direto na produtividade das aves, com reflexos na oferta de produtos.

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