Após 1º trimestre difícil, reaquecimento dos negócios anima Kepler Weber

Lucro líquido da empresa caiu 51% de janeiro a março, para R$ 25,6 milhões: Ebitda e receita também recuaram
Fernando Lopes

Não foi o primeiro trimestre dos sonhos da Kepler Weber. Mas, aos poucos, os reflexos negativos dos problemas vivenciados pelos produtores de grãos do país em 2024 ficam para trás e os negócios novamente ganham tração, com frutos que deverão ser colhidos sobretudo no segundo semestre. Segundo os principais executivos da empresa, líder em armazenagem e soluções para pós-colheita na América Latina, o caixa está positivo e a carteira de pedidos voltou a engordar, o que reforça as cores de um cenário mais vibrante para 2025.

Diante da herança do ano passado, marcado pela quebra da safra 2023/24 de grãos e pela retração das cotações de soja e milho, a Kepler Weber viu seu lucro líquido recuar 51% de janeiro a março de 2025 em relação a igual intervalo de 2024, para R$ 25,6 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) diminuiu 41,5%, para R$ 52,9 milhões, e a receita líquida da companhia caiu 6,1%, para R$ 357,2 milhões. Em 31 de março, o endividamento total estava em R$ 302,9 milhões, quase R$ 5 milhões a menos que no fim de dezembro, e o caixa líquido era de R$ 54,6 milhões, 52,3% menor que um ano antes.

Para uma empresa de armazenagem com a maior parte dos negócios ligada ao segmento de grãos, o primeiro trimestre é normalmente mais fraco. E os negócios dependem, em larga medida, de como foram as margens de lucro dos produtores rurais na colheita do ano anterior. De janeiro a março de 2024, os resultados da Kepler refletiram a boa produção de grãos, com preços elevados, na safra 2022/23. Este ano a maré virou, e tudo indica que o início de 2026 será forte, tendo em vista a atual safra recorde (2024/25) e a relativa recuperação das cotações, principalmente do milho.

“De 70% a 80% dos nossos negócios são realizados entre abril e outubro. As perspectivas indicam uma reaceleração a partir deste segundo trimestre e que deveremos encerrar o ano melhor do que fechamos o primeiro trimestre”, afirmou Bernardo Nogueira, CEO da Kepler Weber. Segundo o executivo, a companhia acabou de fechar com uma empresa de etanol seu maior contrato em cinco anos, que começará a se refletir no faturamento no segundo semestre, e a atual carteira de pedidos já está do mesmo tamanho que em 2024.

“Também é importante destacar que, mesmo em momentos mais fracos, conseguimos entregar resultados consistentes”, disse Nogueira, que credita esse “fôlego” à diversificação da atuação da empresa nos últimos anos. Essa diversificação, aliás, sepultou a dependência que a Kepler tinha no passado das condições de financiamento das linhas do Plano Safra – o que é particularmente positivo este ano, tendo em vista a tendência de alta dos juros no Plano Safra 2025/26, que entrará em vigor em julho. “Atualmente, a linha de armazenagem do Plano [PCA] representa apenas de 13% a 14% da nossa receita”, reforçou Renato Arroyo, diretor financeiro e de Relações com Investidores da empresa.

De janeiro a março, a divisão “Fazendas” da Kepler Weber registrou receita líquida de R$ 131,7 milhões, mesmo patamar do mesmo período de 2024, mas sua margem bruta encolheu de 35,6% para 21,4%. No segmento “Agroindústrias”, a receita caiu 4,9%, para R$ 100,8 milhões, e a margem passou de 32,1% para 16,8%. Nos “Negócios Internacionais”, a receita líquida recuou 5,6%, para R$ 41 milhões, e a margem registrou queda de 2,4 pontos percentuais, para 28,9%. Na divisão “Portos e Terminais”, a receita registrou queda de 77,2%, para R$ 10,6 milhões, mas a margem subiu de 20,1% para 31,3%, e na área de “Reposição e Serviços” a receita cresceu 28,8%, para R$ 73,2 milhões, enquanto as margem bruta registrou leve baixa, para 33,8%.

Parceria com a XP

A Kepler Weber também está anunciando que uniu forças com a XP para fortalecer os negócios digitais da sua controlada Procer, cujo foco está em serviços digitais relacionados à armazenagem de grãos. Com faturamento da ordem de R$ 60 milhões em 2022 e crescimento de dois dígitos em 2023 e 2024, a Procer tem aproximadamente 2 mil clientes, que passarão a contar também com serviços financeiros fornecidos pela XP, como ferramentas de hedge, assessoria para aplicação de caixa, câmbio e seguro, entre outros.    

  

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