As pesquisas da InEdita com edição genômica já estão perto de dar frutos

Foco inicial da empresa é desenvolver grãos tolerantes a pragas e doenças e às mudanças climáticas; testes de campo terão início em 2026
Fernando Lopes
Paulo Arruda, fundador da InEdita (foto: Divulgação)

A InEdita Bio, startup fundada em 2022 pelo brasileiro Paulo Arruda, doutor em genética com vasta experiência em biotecnologia, continua a avançar nas pesquisas que prometem oferecer um novo rumo para a produção de grãos – e não só no Brasil. Por meio de edição genômica, a empresa está desenvolvendo sementes tolerantes a agrotóxicos, pragas & doenças e estresse climático, e espera iniciar os ensaios de campo com as novas tecnologias no ano que vem, na safrinha da temporada 2025/26 e na safra de verão do ciclo 2026/27.

Com operações em Florianópolis (SC) e sede em Delaware, nos Estados Unidos, a InEdita é resultado da inquietude e da resiliência de Arruda,  conhecido por ter sido um dos cinco cientistas fundadores da Alellyx Applied Genomics, que começou a operar no início dos anos 2000 com a ajuda de recursos da Votorantim Ventures. A Alellyx se baseava em genética molecular para chegar a cultivos agrícolas melhorados, e posteriormente foi vendida para a americana Monsanto – que, mais tarde, foi adquirida pela alemã Bayer.

Os objetivos de Arruda, que de lá para cá continuou com sua trajetória acadêmica, não mudaram. Com ferramentas usadas para editar o genoma das plantas, a InEdita procura encontrar formas de corrigir eventuais “deficiências” naturais, melhorar características ou desenvolver novas funcionalidades. Para isso, e diferentemente da transgenia, a edição genômica não introduz genes de uma espécie em outra. As soluções para uma determinada planta estão em seu próprio DNA.

Em entrevista ao NPagro, Arruda lembrou que os transgênicos tiveram um grande impacto na agricultura, sobretudo na produção de grãos e cana, mas que a tecnologia enfrentou sistemas regulatórios caríssimos, gerando uma barreira econômica que levou à concentração das pesquisas nas mãos de grandes multinacionais estrangeiras. Por trabalhar com o redesenho de gens de uma mesma espécie, a edição genômica enfrenta menos barreiras e exige investimentos relativamente menores.

“Essa biotecnologia é mais democrática, abriu grandes oportunidades. Com a edição dos genoma das plantas, podemos, por exemplo, reduzir o uso de insumos químicos nas lavouras, que não é uma prática sustentável. Também podemos preparar melhor as plantas paras as mudanças climáticas em curso. Temos que lembrar que o aumento da temperatura e a restrição hídrica potencializa a ação de pragas e doenças”, afirmou Arruda.

Em seu “projeto-símbolo”, a InEdita está desenvolvendo uma soja resistente à ferrugem asiática, mal que, apenas no Brasil, custa cerca de US$ 3 bilhões por ano aos agricultores com a aplicação de fungicidas, sobretudo químicos. Em boa medida, essas mesmas pesquisas podem ajudar no controle de outras doenças em outras plantas, e a lagarta do milho já está na mira. Além de custarem menos, as pesquisas com edição genômica podem gerar resultados em quatro ou cinco anos, contra os cerca de dez anos dos transgênicos.

Para iniciar suas atividades, a InEdita contou com aportes da Vesper Ventures e da Ecoa Capital, em valores não divulgados. Recentemente, teve aprovado uma injeção de US$ 1,5 milhão da Finep, e mantém parcerias com empresas de sementes em seus trabalhos. “Queremos ser provedores de tecnologias para empresas de sementes”, afirmou Arruda. A partir dos primeiros resultados de campo, que poderão vir já em 2026, a companhia espera contar com um fluxo maior de recursos privados para escalar seus trabalhos de pesquisa e desenvolvimento, embora novos aportes no curto prazo também sejam desejáveis.

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