Há muito tempo que especialistas realçam que a produção brasileira de grãos ainda tem muito a avançar em áreas dedicadas à pecuária, com a intensificação da criação de bovinos e a recuperação de pastagens degradadas. E sem derrubar nenhuma árvore. Pois essa é a receita de crescimento da Agro Cumaru, e os resultados da empresa criada pelo Grupo Mafra, fundador da fabricante de equipamentos hospitalares Viveo, têm sido dos mais positivos.
Com uma área total de 130 mil hectares dividida entre duas fazendas no Pará, 72 mil produtivos e o restante preservado, a Agro Cumaru passou a investir também em grãos nos últimos anos e hoje conta com 12 mil hectares dedicados ao plantio de soja na safra de verão, dos quais 6 mil hectares são destinados a milho e sorgo na safrinha. O plano é que a pecuária continue a ganhar produtividade e a agricultura passe a ocupar 50 mil hectares no verão nos próximos anos – 80 mil hectares na soma entre a safra de verão e a safrinha.
Nas fazendas localizadas nos municípios de Cumaru do Norte e Santa Maria das Barreiras, há atualmente cerca de 80 mil cabeças de gado, o negócio original das propriedades, fortalecido pela genética fornecida pela Nelore Mafra, outra empresa do grupo. É na Nelore, que opera desde o início dos anos 2000 na cidade mineira de Santa Vitória, que o patriarca Carlos Mafra vem concentrando sua atenção, sobretudo depois que o empresário passou o bastão aos filhos Camila e Carlos Mafra Júnior na Agro Cumaru.
Engana-se quem pensa que os negócios agropecuários são uma espécie de “plano B” dos Mafra após a venda do controle da Viveo – na qual, hoje, são apenas acionistas.. Em entrevista ao NPagro, Carlos e os filhos lembraram que durante anos as duas frentes foram tocadas paralelamente, e que o agro nunca foi “escanteado”. Mas é claro que agora Agro Cumaru e Nelore Agro têm outra dimensão, com gestão administrativa e financeira mais profissionalizada, e ampliação de investimentos.
Para iniciar sua expansão, a Agro Cumaru já investiu cerca de R$ 350 milhões, e o total poderá chegar a R$ 1 bilhão até 2030. “A agricultura exige capital mais intensivo, porque demanda aportes em correção de solo, maquínários e armazenagem, por exemplo”, afirmou Júnior. Nesse processo de transformação de áreas e maximização do uso da terra, o mercado de crédito de carbono também está na mira. “Deveremos ter um inventário completo com nossas informações nesse campo já este ano”, disse Camila.
No terreno das intenções dos Mafra, finalmente, está a construção de uma usina de etanol de milho no Pará nos próximos anos, em parceria com a Companhia Mineira de Açúcar e Álcool (CMAA). Há alguns meses, os parceiros estavam mais animados com a nova empreitada, que já conta com área e licenças concedidas para as obras no município de Redenção. Mas o contínuo aumento dos juros no país levou o projeto para a geladeira.
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