Uma empresa bem posicionada, em expansão, mais eficiente, com produtos de valor agregado e que conhece cada vez melhor seus fornecedores e clientes. Em pinceladas gerais, esse foi o quadro que os principais executivos da Minerva Foods traçaram sobre a empresa em evento para analistas de mercado na manhã de hoje em São Paulo, com muitos números para colorir o cenário. O fato é que a maior exportadora de carne bovina da América do Sul tem resultados para comemorar e potencial para se manter em crescimento acelerado nos próximos anos.
“Gestão de risco é fundamental”, afirmou Fernando Queiroz, CEO da Minerva, e para isso a empresa conta com diversificação geográfica e escala, fatores que ganharam corpo com a compra de ativos que pertenciam à rival Marfrig (agora MBRF) no Brasil, na Argentina e no Chile, em 2023. Com a redução da oferta de gado nos Estados Unidos e limitações em outras regiões, como a Europa, a América do Sul tem conquistado cada vez mais espaço nas exportações globais de carne bovina, numa tendência que ainda dá o tom e continua a engordar os resultados da Minerva. Tanto que a receita líquida da empresa deverá chegar a R$ 58 bilhões em 2025, teto de um “guidance” divulgado há alguns meses e montante 70% superior ao registrado no ano passado.
O incremento embute crescimento orgânico, demanda aquecida e bons preços, mas também reflete um salto proporcionado pelas 13 novas plantas adquiridas pela Minerva, que ganharam tração e já estão em dia com os padrões de eficiência estabelecidos pela companhia. Com ampliações e adequações, a integração das fábricas exigiu investimentos de mais de R$ 180 milhões, mas gerou sinergias e expandiu oportunidades de arbitragem, sobretudo depois que a tarifa adicional americana de 40% passou a incidir sobre produtos brasileiros, em agosto. Vale destacar que as exportações de carne bovina do Brasil para os EUA recuaram no mês passado, mas cresceram os embarques de Argentina, Uruguai e Paraguai, como realçou o argentino Martin Digiacomo, CCO da Minerva.
Não é segredo que o sinal vermelho da autoridade antitruste do Uruguai para a incorporação das três plantas que eram da Marfrig no Uruguai foi um revés dolorido, mas a Minerva conta com unidades no país vizinho e agora conta com cerca de R$ 700 milhões (valor atualizado) que não terá mais que pagar pelos ativos para reduzir o endividamento, que aos poucos vai voltando ao nível normal, com alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) abaixo de 3 vezes. Também o fluxo de caixa livre, indicador sempre destacado pelo CFO Edison Ticle, está em período de engorda e poderá fechar o ano perto de R$ 1 bilhão
Foram 20 aquisições nos últimos 15 anos, e o momento é de consolidação. No quarto trimestre deste ano, disse Ticle, a utilização de capacidade de todas as plantas da Minerva deverá alcançar entre 75% e 80%, o que indica que há espaço para aproveitar o crescimento das vendas que está por vir, mas com uma provável redução dos abates de gado no Brasil, maior produtor e exportador sul-americano e líder global. Outro vetor de crescimento é continuar a investir em produtos de maior valor agregado – “atributos”, como define Fernando Queiroz, que já representam um faturamento anual da ordem de US$ 2 bilhões com vendas nos mercados internos onde a empresa atua e nas exportações.
Aportes em tecnologia, especialmente em informações sobre os diversos mercados em que atua, e em sustentabilidade também estiveram na vitrine do Minerva Day 2025. A Minerva acompanha de perto os passos de mais de 65 mil fazendas em Brasil, Argentina, Colômbia, Paraguai e Uruguai, e 100% dos fornecedores diretos são monitorados. Com esse trabalho, as marcas de varejo da empresa ganham prestígio e as vendas de cortes “carbono zero”, entre outros premium, ajudam a ampliar o faturamento dos “atributos”, que oferecem margens maiores e ajudam a roda a continuar girando em espiral ascendente.
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