E se a pecuária brasileira tivesse a mesma produtividade da americana?

Em evento da Minerva Foods, Alexandre Mendonça de Barros, da MB Agro, mostra como há espaço para avanços no Brasil
Fernando Lopes
(Crédito: Wenderson Araujo/Sistema CNA/Senar)

Embora já seja um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo, o Brasil ainda tem muito a avançar para alcançar os níveis de produtividade registrados nos Estados Unidos, que são referência global. Mas a distância está diminuindo, e investimentos em melhoria genética, índices reprodutivos mais elevados, nutrição e rendimento das pastagens tendem a torná-la cada vez menor nos próximos anos. Aliada à tendência de expansão do número de animais, essa perspectiva deverá consolidar a liderança da cadeia produtiva brasileira num mundo em que o consumo de proteínas animais ainda tem muito a avançar.

Em evento da Minerva Foods para analistas de mercado, na terça-feira, Alexandre Mendonça de Barros, sócio-consultor da MB Agro, destacou alguns números que corroboram essa tese. Mesmo com rebanho e abates menores, os Estados Unidos deverão produzir mais carne bovina que o Brasil em 2025, mas se a produtividade média brasileira já fosse similar à americana, o resultado seria muito diferente, Nesse caso, destacou, os abates de bovinos no Brasil poderiam chegar ao patamar de 70 milhões de cabeças, 30 milhões a mais do que o número previsto.

Segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o rebanho do país soma atualmente 86 milhões de cabeças, o menor das últimas décadas em tempos de ciclo de baixa oferta. No Brasil, de acordo com USDA e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são entre 230 milhões e 240 milhões de cabeças. Muitos analistas e consultores consideram o número brasileiro inflado e estimam menos de 200 milhões de cabeças, mas, mesmo assim, o abismo vira uma fresta quando a comparação é sobre produção de carne. Conforme o USDA, a produção americana será de 12,2 milhões de toneladas (equivalente carcaça) em 2025, e a brasileira somará 11,9 milhões de toneladas.

“Como o abate americano deve ser da ordem de 30 milhões de cabeças, e o do Brasil de 40 milhões, nota-se que o peso médio da carcaça nos EUA é aproximadamente 25% superior ao brasileiro”, pontuou Mendonça de Barros, que é conselheiro da Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul. Um dos trunfos da pecuária americana é a nutrição, baseada em grãos, cujos preços estão baixos para a alegria dos confinamento, que têm registrado as maiores margens da história. Mas no Brasil esse é um dos pontos que deverão colaborar para o incremento da produtividade.

Por um lado, os pastos onde se alimentam os bovinos brasileiros tendem a se tornar mais produtivos, e, por outro, os confinamentos deverão ganhar força na terminação. E aqui aparece o DDG, subproduto da fabricação de etanol de milho, em franca expansão no país. Alexandre Mendonça de Barros realça que novas fábricas de etanol de milho em regiões com pecuária podem estimular o avanço da produção de grãos, gerar DDG e, com isso, tornar viável a instalação de confinamentos, com custos mais confortáveis. E também poderão ser criadas áreas de confinamento nas próprias fazendas de criação extensiva de gado, completando o ciclo virtuoso.   

 

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