As relações entre Marfrig e Minerva azedaram um pouco mais nesta sexta-feira, depois que a empresa controlada por Marcos Molina divulgou comunicado no qual afirma que não se sente mais obrigada a concluir a venda de três frigoríficos no Uruguai à companhia fundada pela família Vilela de Queiroz.
As unidades estavam no pacote de ativos da Marfrig – localizados no Brasil e em outros países da América do Sul – adquiridos pela Minerva, por US$ 7,5 bilhões, em 2023. Ocorre que a autoridade antitruste uruguaia (Coprodec) barrou a venda, por considerá-la prejudicial à concorrência no país, e ainda não houve solução definitiva para o imbróglio.
Para tentar desatar o nó, a Minerva já anunciou que sua controlada Athn Foods Holdings acertou a venda de um dos três frigoríficos, o Establecimientos Colonia, para a Allana Magellan, por US$ US$ 48 milhões. A expectativa da companhia é que, com isso, consiga sinal verde para assumir as outras duas fábricas, situadas em San José e Salto.
Em recente teleconferência com jornalistas, Edison Ticle, CFO da Minerva, afirmou que esperava que a situação fosse resolvida até outubro. Nesse contexto, o comunicado da Marfrig surpreendeu o mercado – e como a Minerva discordou, não é difícil que a disputa só seja resolvida na Justiça.
“As condições suspensivas aplicáveis à Operação não foram satisfeitas até a Data Limite e, portanto, o Contrato Uruguai foi resolvido de pleno direito, não mais obrigando as partes a concluir a Operação”, divulgou a Marfig. Segundo a empresa, as três unidades uruguaias que estavam no pacote de ativos vendidos à Minerva (por R$ 675 milhões) continuam funcionando normalmente sob seu controle.
“A Companhia discorda da alegação da Marfrig e entende que o contrato permanece em vigor. Conforme previamente divulgado ao mercado, a Operação – Uruguai permanece sujeita à aprovação da autoridade concorrencial uruguaia (Comisión de Promoción Y Defensa de la Competencia – Coprodec) e a Companhia continua engajada na aprovação da Operação – Uruguai”, respondeu a Minerva.
O endurecimento da empresa de Marcos Molina em relação ao caso no Uruguai vem um pouco depois de a Minerva questionar, no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a incorporação das ações da BRF pela Marfrig, uma transação que deverá dar origem à MBRF, uma gigante de proteínas e alimentos processados com faturamento anual superior a R$ 150 bilhões.
O grupo criado pela família Vilela de Queiroz reivindicou que o Cade aprofundasse a análise dos impactos concorrencias da fusão no mercado brasileiro e que levasse em consideração no processo o papel de sua acionista Salic, que também tem participação na BRF, na nova MBRF. A decisão final do Cade sobre a união ainda não foi tomada.
Mas também vale ressaltar que a discordância entre Marfrig e Minerva em torno das plantas uruguaias ganha corpo após a entrada em vigor, neste mês, da tarifa adicional de 40% cobrada pelos Estados Unidos sobre as importações de produtos brasileiros.
Com outras taxas que já estavam em vigor, a carne bovina do Brasil, fora de uma pequena cota anual de 65 mil toneladas, passou a ser onerada em 76,4% para entrar nos EUA, o que confere às plantas uruguaias em questão uma importância estratégica maior.
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