Aumento da receita agrícola deverá motivar recorde nas vendas de fertilizantes

Consultoria Macrosector prevê entregas de mais de 47 milhões de toneladas em 2025
Fernando Lopes

Após as turbulências que restringiram as vendas em 2022 e 2023, as entregas de fertilizantes ao consumidor final voltaram a se equilibrar no país no ano passado e caminham para bater um novo recorde em 2025. O crescimento da demanda deverá ser sustentado pelo aumento da receita bruta das lavouras, puxado pela recuperação da produção de soja e pelos bons preços de commodities como milho, açúcar, café e laranja, além do câmbio.

Nas contas do economista Fabio Silveira, sócio-diretor da consultoria Macrosector, as entregas aceleraram no quarto trimestre de 2024 e alcançaram cerca de 46 milhões de toneladas no ano, pouco acima do volume registrado pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) em 2023 (45,8 milhões de toneladas). 

Com o cenário mais favorável após a “normalização” dos preços e da retração da colheita de soja na safra 2023/24, a expectativa de Silveira é que as entregas de adubos avancem 3% em 2025, para 47,4 milhões de toneladas. E a soja, cuja produção no Brasil tende a ser a maior da história este ano, deverá ser a alavanca desse salto, pelos reflexos positivos da alta prevista para a receita do grão em 2024 sobre as compras para o próximo ciclo (2025/26).

No cenário traçado por Silveira, a colheita de soja avançará cerca de 15% na safra atual, para 164,8 milhões de toneladas, e a receita bruta das lavouras do grão crescerá quase 30% com o empurrão do câmbio, para R$ 405,8 bilhões. “São R$ 90,5 bilhões a mais, o que representa uma expansão grande de riqueza”, afirmou o economista ao NPagro.

No caso do milho, a Macrosector projeta aumentos de 6,2% na colheita total em 2024/25, para 121,8 milhões de toneladas, e de 20,6% na receita bruta das plantações, para R$ 132,5 bilhões. Para a cana, a estimativa da consultoria é de incremento de 6,4% na receita, para R$ 100,2 bilhões, e para o café a previsão é de alta de 21,3%, para R$ 70,5 bilhões. No caso da laranja, Silveira projeta estabilidade (R$ 92,5 bilhões).

Diante desses números, para os sojicultores, mas sobretudo para os produtores de milho, café, açúcar e laranja, as relações de troca (preços dos produtos x preços do fertilizantes) deverão permanecer favoráveis ao longo do ano – lembrando que o mesmo câmbio que eleva a renda proporcionada pelas commodities também encarece os fertilizantes, porque o Brasil é um grande importador desses insumos.

Mas os preços em dólar estão comportados, pelo menos por enquanto. De acordo com a Macrosector, em dezembro o preço dos fertilizantes importados pelo Brasil ficou em US$ 280,2 por tonelada, 10% menos que no mesmo mês de 2023. Em 2024 como um todo, houve queda de 14% do preço médio ante o ano anterior, para US$ 308 por tonelada.

Silveira não acredita em fortes elevações dos preços dos fertilizantes no mercado internacional nos próximos meses, em boa medida graças à relativa estabilidade dos preços do petróleo, que têm relação direta com os fertilizantes nitrogenados. “Assim, o cenário é positivo para as vendas, e esse cenário poderá se consolidar com a ajuda de um previsto aumento do crédito rural disponível no Plano Safra 2025/26, que entrará em vigor em julho”, concluiu.

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