A tarifa adicional de 50% que deverá ser imposta pelos Estados Unidos sobre a importação de produtos brasileiros a partir de 1º de agosto levou o Grupo Sama, maior produtor e exportador de mel do Brasil e líder em embarques de mel orgânico na América do Sul, a intensificar a busca por novos mercados. Com sede em Oeiras, no Piauí, o grupo está mirando sobretudo clientes no Canadá, na Europa e na Ásia.
“Temos um produto com demanda global superior à oferta, produzido com práticas sustentáveis e qualidade reconhecida internacionalmente. Por isso, estamos ampliando nosso alcance internacional e avaliando alternativas estratégicas à suspensão temporária de pedidos por parte de clientes norte-americanos”, afirma Samuel Araujo, CEO do Grupo Sama, em nota.
No Canadá, negociações com novos parceiros estão em curso. Na Europa, os esforços serão concentrados em Alemanha, Holanda, Bélgica e Dinamarca, e na Ásia os mercados-alvo são China, Japão, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. Ainda existe uma chance de o mel brasileiro ser incluído em uma lista de alimentos que ficariam isentos da nova taxa de 50% dos EUA, mas, se isso não acontecer, o objetivo é acessar novos mercados entre o fim de agosto e outubro.
O grupo, que não revela faturamento ou a participação das exportações aos EUA em sua receita, informou que a ameaça americana afetou principalmente mel em fase de beneficiamento, e que parte da produção está pronta para embarque em Oeiras, Rio Claro (SP) outros centros espalhados pelo país. Contratos com clientes dos EUA não foram cancelados, e alguns deles estão mantendo as compras mesmo levando em conta a taxa adicional.
Lideradas pelo Grupo Sama, as exportações brasileiras de mel totalizaram 9,1 mil toneladas no primeiro trimestre deste ano, 25% mais que no mesmo período de 2024. Com a alta de preços do produto no exterior, o valor dessas vendas cresceu ainda mais na comparação: 54%, para US$ 28,4 milhões. Mesmo que parte dos embarques seja de fato redirecionada, os EUA estão entre os principais destinos e prejuízos serão inevitáveis se a nova taxa vingar.
“O impacto é grande, tanto sobre o nosso negócio quanto sobre a cadeia produtiva”, disse Araujo. O Grupo Sama lembra que a cadeia produtiva de mel é formada por milhares de pequenos apicultores, especialmente na região Nordeste. “O mel é uma atividade de subsistência, e uma redução ou interrupção nas compras do produto atinge toda essa cadeia de pequenos e microprodutores, com grande impacto social”, reforçou. Nas vendas no mercado brasileiro, o grupo conta com as Samel e Lamberhoney.
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