Governo zera tarifas, importação de alimentos dobra, mas preços não recuam

Política do governo se mostra ineficaz para conter inflação e sem relação de causa e efeito para praticamente todos os produtos
Alexandre Inacio

A decisão do governo de zerar a partir de março a tarifa de importação de 10 produtos para tentar conter a alta na inflação dos alimentos não surtiu efeito. Em abril, primeiro mês completo de vigência da política, o Brasil importou 91,4 mil toneladas entre todos os produtos que tiveram a tarifa zerada. O volume é 99,5% superior às 45,8 mil toneladas importadas no mesmo período do ano passado, considerando a mesma lista.

Dos 10 produtos que deixaram de pagar impostos para entrar no Brasil, o país registrou aumento das importações em sete. Contudo, a esperada desaceleração nos preços foi percebida em apenas quatro produtos, conforme o IPCA de abril, e não necessariamente naqueles em que as importações aumentaram.

É o caso, por exemplo, do café. Entre café em grão e café torrado, o Brasil importou em abril pouco mais de 5 mil toneladas, volume 23 vezes superior ao do mesmo período do ano passado. Ainda assim, os dados do IPCA de abril mostram que o preço do café torrado teve alta mensal de 4,48%, enquanto o café solúvel subiu 4,05%.

Os importadores trouxeram em abril 4,8 mil toneladas do grão verde, não descafeinado. As importações foram feitas integralmente do Vietnã, país que concorre diretamente com o café produzido no Espírito Santo. Em abril do ano passado, não houve importação de café verde pelo Brasil.

No caso do café torrado, que também teve a tarifa zerada, as importações cresceram 35,4% no mês passado, para quase 300 toneladas. Desse total, 46,7% vieram da Suíça, 19,2% da França e o restante de outros sete países.

A situação do milho não é diferente. As importações do cereal totalizaram 74,1 mil toneladas no mês passado. O volume é mais do que duas vezes maior que as 32 mil toneladas compradas em abril de 2024. O Paraguai foi o país que mais se beneficiou da política brasileira. Se o vizinho latino havia exportado 31,8 mil toneladas em abril do ano passado, no mesmo mês de 2025 as vendas chegaram a 74,1 mil toneladas.

Semelhante ao milho e café foi a situação das bolachas e biscoitos, açúcar e sardinha em conserva. Mesmo com as importações crescendo 9%, 16,8% e 484%, respectivamente, os preços desses produtos, em abril, aumentaram 1,43%, 0,27% e 1,03%.

Situação curiosa foi observada na carne bovina desossada, óleo de girassol e no azeite de oliva, todos com a tarifa de importação zerada desde meados de março. Em todos os casos, o IPCA registrou desaceleração nos preços de abril, de 0,08%, 0,56% e 1,51%, respectivamente.

A queda dos preços dos três produtos, no entanto, não foi consequência da política do governo. Isso porque, os volumes também caíram em abril, indo no sentido oposto dos planos do governo. As importações de carne bovina recuaram 35,2%, enquanto as de óleo de girassol encolheram 17,3% e as de azeite de oliva 4,6%.

Na prática, a política do governo federal de zerar tarifa de importação para alimentos funcionou para um único produto: as massas alimentícias não-preparadas. As importações desse tipo de produto subiram 16,4% em abril, para 2,66 mil toneladas.

E para o consumidor o IBGE registrou uma efetiva queda nos preços. Os dados do IPCA mostram que a variação mensal das massas no mês passado foi um recuo de 0,01%.

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