Milho salva a lavoura e garante produção recorde de etanol no Brasil em 2024

Cereal representou 20% da oferta total do biocombustível; mesmo com maior volume da história, preços para as usinas subiram 36%
Alexandre Inacio

Nunca houve tanto etanol disponível no Brasil quanto em 2024. E, diferentemente do que muita gente possa pensar, não foi a cana-de-açúcar a responsável pelo desempenho, mas sim o milho. Um em cada cinco litros de etanol ofertado foi originado a partir do cereal.

Dos 36,8 bilhões de litros de etanol disponíveis no ano passado, 7,7 bilhões vieram do milho – 33% a mais que em 2023. A diversificação da matéria-prima permitiu a mitigação dos efeitos climáticos adversos sentidos pelos canaviais, em especial na região Centro-Sul.

Em praticamente todos os meses do ano passado, as chuvas ficaram abaixo da média no Centro-Sul do país. Aliada aos incêndios que também atingiram a região produtora, a estiagem prejudicou a qualidade da lavoura, forçando as indústrias a destinarem uma fatia maior para a produção de etanol em detrimento ao açúcar, ainda que os preços do adoçante estivessem mais atrativos.

A despeito da oferta recorde do biocombustível, as usinas não tiveram do que reclamar em termos de preço. Em dezembro de 2024, o valor médio apurado pelo Cepea para o etanol hidratado alcançou R$ 2,633 por litro, uma valorização de 36% em comparação ao mesmo mês do ano anterior.

Para justificar a recuperação de preços em um cenário de disponibilidade recorde, o aumento no consumo foi determinante. Até o início de 2023, as políticas do governo deixaram o etanol pouco competitivo em relação à gasolina, fazendo com que o consumo daquele ano ficasse em 16,2 bilhões de litros.

Com o ajuste na rota, desde o segundo semestre de 2023, e ao longo de todo ano de 2024, o biocombustível se manteve mais competitivo em comparação à gasolina. Esse cenário elevou o consumo em 33%, para 21,6 bilhões de litros em 2024.

“Quando a gente soma o etanol anidro misturado na gasolina com o etanol hidratado que é consumido diretamente pelos veículos, em termos de energia é 46% de toda a energia consumida pela frota de veículos leves do país”, disse Luciano Rodrigues, diretor de inteligência setorial da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), durante anúncio da nova campanha publicitária do setor.

Etanol na mídia

Com estoques elevados e preços em baixa, as usinas abriram o bolso e lançaram em janeiro de 2024 uma campanha de estímulo ao consumo de etanol. O setor não atribui o aumento do consumo diretamente à campanha, mas reconhece que houve uma contribuição.

Não por acaso, uma segunda etapa do projeto de comunicação entrará no ar. Agora, sai o comediante Rafael Portugal, que estrelou a campanha de 2024, e entra o jornalista Tadeu Schmidt, conversando com especialistas em sustentabilidade, estilo de vida e técnicos.

“A gente precisava de alguém com capacidade de extração. Não foi por acaso que foi escolhido alguém com esse perfil. Ainda que nessa transição para apresentador, a raiz dele, de onde ele vem, é o jornalismo”, disse Evandro Gussi, presidente da UNICA.

Posicionada como educativa, a campanha vai se apresentar um tanto mais combativa em relação à gasolina. Em um dos filmes que será exibido na TV e nas redes sociais, serão apresentadas algumas diferenças técnicas no motor e em peças entre o uso de etanol e a gasolina. Nos itens selecionados, o etanol leva vantagem. 

“Nossa, mas é muito grande a diferença”, diz Tadeu Schmidt em um trecho, se referindo à diferença na cor do lubrificante do motor.

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