A Minerva Foods foi habilitada pelo Conselho de Defesa Econômica (Cade) como terceira parte interessada no ato de concentração relativo à incorporação das ações da BRF pela Marfrig. A operação já foi aprovada pela Superintendência-Geral do Cade, mas a Minerva agora poderá participar do processo porque fez o pedido, já deferido pela autarquia, dentro do prazo legal de 15 dias estabelecido para esse tipo de questionamento.
A empresa da família Vilela de Queiroz está preocupada com dois pontos da operação que dará origem à MBRF: o primeiro é que, como fornecedora de carne para a produção de alimentos processados da BRF, poderá ser prejudicada pela fusão, uma vez que a Marfrig, atualmente, também é. E o segundo é que o fundo árabe Salic, que detém 31% de seu capital e é sócia da BRF, se tornará acionista de uma nova empresa que será sua concorrente em parte das atividades, com acesso a informações privilegiadas e risco de conflito de interesses.
No pedido que apresentou ao Cade, a Minerva realça que é concorrente da Marfrig na comercialização de carne bovina in natura, e que também fornece carne para o mercado de alimentos processados, “atendendo a Marfrig e BRF, entre outros demandantes”.
“Por isso, a Minerva também concorre com a Marfrig para fornecimento de carne para BRF, que é um relevante produtor de processados no Brasil e detentor de um grande poder de compra de carne in natura. Considerando a integração vertical entre o mercado de comercialização de carnes e processados de carne constatada pela Superintendência-Geral, a Minerva também possui a condição de fornecedor que será afetada pela Operação”, escreveu a companhia em sua solicitação ao Cade.
“Além do fato de as referidas empresas serem concorrentes, a legitimidade do interesse da Minerva com a Operação se fundamenta ainda por ser afetada indiretamente pela entrada da Salic no capital social da Marfrig (uma de suas principais concorrentes), visto que a Salic é uma das acionistas da Minerva atualmente. Neste sentido, há ainda sensíveis preocupações concorrenciais, uma vez que a Operação (…) coloca a Salic em uma posição relevante que possibilitaria acesso à informações privilegiadas que podem vir a gerar risco de alinhamento entre Minerva e Marfrig como consequência da Operação”, continuou.
Com a incorporação das ações da BRF pela Marfrig, a Salic (Saudi Agricultural and Livestock Investment Company), que já tem fatia de 31% na Minerva, passará a deter participação de 10,6% na nova MBRF.
Como terceira parte interessada, a Minerva poderá acompanhar de perto o desenrolar do processo e apresentar dados para a análise técnica e jurídica do Cade. Minerva, Marfrig e BRF foram procuradas pelo NPagro, mas preferiram não comentar.
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