A Farmers Edge, agtech canadesense criada há cerca de duas décadas com foco no monitoramento de lavouras, começou a colher os frutos de um novo modelo de negócios desenvolvido no Brasil para voltar a crescer. Com foco em grandes clientes como agroindústrias, cooperativas, operadoras de telefonia, seguradoras e financiadoras do agro em geral, esse modelo substituiu, em larga medida, o original, concentrado em vendas diretas de soluções aos produtores rurais, cujos resultados ficaram abaixo do esperado.
Segundo Celso Macedo, vice-presidente da Farmers Edge para a América Latina, a migração do Business to Consumer (B2C) para o Business do Business to Consumer (B2B2C) buscou acompanhar a lógica do mercado, uma vez que os produtores rurais costumam adquirir ferramentas digitais apenas durante períodos de vacas gordas. Por essas e outras, a empresa, que chegou perto de se tornar um “unicórnio”, perdeu 80% do valor após o IPO na bolsa de Toronto – quando levantou US$ 600 milhões -, foi vendida para a holding FairFax Financial, que já era sua acionista, e teve que rever seus conceitos.
Essa revisão começou no Brasil, onde a Farmers Edge atua há sete anos, e foi estendida para Canadá e Estados Unidos. Os três países atualmente concentram os negócios da companhia, mas é no Brasil que os principais resultados começaram a aparecer. Apenas num acordo com o Sicredi, instituição financeira cooperativa com mais de 8,5 milhões de associados em todo o país, a área monitorada alcança 1,5 milhão de hectares. A British American Tobacco também contratou a Farmers Edge para monitorar 30 mil hectares de seus fornecedores, e uma negociação com a Claro está em andamento.
“Nossa expectativa é contar com pelo menos 15 clientes [com esse novo perfil] nos próximos 12 meses”, disse Macedo ao NPagro. Com uma plataforma integrada e soluções com aplicações relacionadas a serviços financeiros, produtividade agrícola, eficiência na cadeia de insumos, gestão de riscos, capacitação de vendas, rastreabilidade de insumos e sustentabilidade, o executivo acredita que o novo modelo de negócios, que também está sendo implantado nos EUA e no Canadá, levará a área monitorada com tecnologia da Farmers Edge a 8 milhões de hectares até 2030 no Brasil.
Isso não significa, porém, que as vendas diretas para produtores rurais tenham sido abandonadas Antes da mudança de foco, os clientes da companhia com esse perfil no mercado brasileiro tinham, no total, 2,5 milhões de hectares. Hoje, são 150 mil.
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