Diante da maré de instabilidades que atingiu o agronegócio em 2024, a gaúcha 3tentos conseguiu navegar sem grandes perturbações. Ainda que tenha amargado um prejuízo financeiro de R$ 186,4 milhões no último trimestre do ano passado, a companhia encerrou o período no azul, com lucro líquido de R$ 135,9 milhões.
Com os principais concorrentes em uma situação um pouco mais delicada, alguns analistas acreditam que oportunidades para acelerar o crescimento da 3tentos estejam começando a aparecer no mercado. Com o caixa sob controle e o endividamento administrado, o momento seria mais do que oportuno.
“Oportunidade a gente sabe que tem todos os dias, mas não seremos picados por ações inconsequentes”, disse Luiz Osório Dumoncel, CEO da companhia, durante a apresentação de resultados para investidores, sinalizando que não está disposto a seguir uma estratégia de expansão a qualquer custo.
A tática implementada pelo CFO, Cristiano Machado Costa, é se manter o mais fiel possível ao plano de crescimento apresentado pela empresa no início do ano passado. Ele reconhece que a empresa sem olhado oportunidades que surgem, mas o cenário macroeconômico tem limitado manobras mais ousadas.
“Temos pela frente, pelo menos até 2026, um cenário macroeconômico muito desafiador do ponto de vista de taxa de juros. Apesar da gente ver muitas dessas oportunidades, a companhia se mantém fiel a seu plano apresentado em janeiro de 2024, que já é bastante desafiador”, disse Costa.
Um desses desafios está na indústria. A 3tentos fez uma aposta alta na fabricação de biodiesel à base de soja e a decisão de governo de adiar o aumento da mistura ao diesel fóssil jogou um balde de água fria nos planos da empresa.
A empresa acredita que, mesmo sem aumento da mistura, o Brasil irá consumir em 2025 cerca de 500 mil metros cúbicos a mais de biodiesel, apenas com o aumento do consumo de diesel. Ainda que haja um crescimento, a companhia estava preparada para um adicional superior a 1 milhão de metros cúbicos, caso a mistura subisse para 15%, o que não ocorreu.
Agora, ao invés de destinar praticamente 100% do óleo de soja para a produção de biodiesel, a 3tentos vai encaminhar uma parcela relevante da matéria-prima para fabricação de óleo degomado, que possui margens menos atraentes que o biocombustível.
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