Embora os preços da ureia tenham recuado no mercado internacional em relação aos picos alcançados no início dos conflitos entre Israel e Irã, o patamar atual continua elevado, o que sustenta os preços dos fertilizantes nitrogenados e pressiona os custos no campo brasileiro. Como os nutrientes derivados do fosfato também seguem mais caros, as relações de troca entre produtos agrícolas como grãos e adubos estão piores para os agricultores, o que tende a reduzir as margens de lucro nas fazendas na safra 2025/26.
Khalil de Lima, analista da gestora Reach Capital, lembra que, antes de os conflitos entre Israel e Irã terem início no Oriente Médio, no fim da primeira quinzena de junho, a tonelada da ureia destinada ao Brasil – um dos maiores importadores de fertilizantes do mundo – estava sendo negociada entre US$ 450 e US$ 460. Com a guerra, o valor subiu cerca de US$ 100 e chegou a US$ 550, e atualmente está pouco abaixo de US$ 500. “O pior já passou, mas os preços não voltaram aos níveis de antes do conflito”, disse Lima ao NPagro. O Irã lidera a produção global de ureia, e é a principal origem das importações brasileiras.
Com a proximidade do começo da semeadura da próxima safra de grãos (2025/26) no Brasil, em setembro, o analista acredita que há pouco espaço para recuos expressivos. Além disso, realça a Consultoria Agro do Itaú BBA em relatório divulgado esta semana, a demanda da Índia também está aquecida e, assim, mesmo o restabelecimento da oferta de gás natural do Egito tem sido insuficiente para baratear a ureia no mercado externo.
Os analistas do banco realçam, ainda, que as cotações dos nutrientes derivados do fosfato tendem a continuar elevadas, ampliando a pressão sobre os custos de produção no Brasil. O MAP vendido no país, por exemplo, já subiu US$ 130 este ano e está custando atualmente pouco menos de US$ 770, sem viés de baixa. “Aumentos nos preços do ácido fosfórico, matéria-prima para a produção do fertilizante, seguem sinalizando tendência de valorização ao longo da cadeia. A demanda segue firme, no Brasil e na Índia”, avalia o Itaú BBA.
A Consultoria Agro do banco destaca que, na área de potássicos, há poucas novidades e que a tonelada têm permanecido em torno de US$ 360 nas últimas semanas. Mas as poucas novidades que surgiram recentemente são altistas. “Ao redor do globo, os preços sinalizam aumento, diante de acordos firmados entre China e Índia que estabeleceram novos pisos de preço para o produto”, informa.
O banco lembra, finalmente, que a recente desvalorização do real em relação ao dólar também poderá pesar nos custos de produção agrícola no Brasil, uma vez que torna fertilizantes – e defensivos – mais caros para os agricultores. “No caso dos fertilizantes, que já estão em patamares altos, o impacto poderia vir em uma relação de troca com os grãos ainda pior”. Como já informou o NPagro, com a alta de custos a expectativa é de arrefecimento das vendas de fertilizantes no país nos próximos meses. Mas, mesmo assim, a aceleração observada na primeira metade do ano deverá garantir aumento em 2025 como um todo.
No que se refere aos defensivos, Khalil de Lima, da Reach Capital, realça que o cenário poderá se tornar mais negativo para os produtores rurais caso a disputa tarifária com os Estados Unidos ganhe escala. Se, de fato, os EUA impuserem a taxa adicional de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto e o governo Lula reagir na mesma moeda, o glifosato, princípio ativo comum nas lavouras de grãos, ficará mais caro por aqui.
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