Alta dos fertilizantes eleva custos e pressiona margens dos agricultores no Brasil

Na área de defensivos, guerra tarifária com os EUA deverá encarecer os preços do glifosato
Fernando Lopes

Embora os preços da ureia tenham recuado no mercado internacional em relação aos picos alcançados no início dos conflitos entre Israel e Irã, o patamar atual continua elevado, o que sustenta os preços dos fertilizantes nitrogenados e pressiona os custos no campo brasileiro. Como os nutrientes derivados do fosfato também seguem mais caros, as relações de troca entre produtos agrícolas como grãos e adubos estão piores para os agricultores, o que tende a reduzir as margens de lucro nas fazendas na safra 2025/26.

Khalil de Lima, analista da gestora Reach Capital, lembra que, antes de os conflitos entre Israel e Irã terem início no Oriente Médio, no fim da primeira quinzena de junho, a tonelada da ureia destinada ao Brasil – um dos maiores importadores de fertilizantes do mundo – estava sendo negociada entre US$ 450 e US$ 460. Com a guerra, o valor subiu cerca de US$ 100 e chegou a US$ 550, e atualmente está pouco abaixo de US$ 500. “O pior já passou, mas os preços não voltaram aos níveis de antes do conflito”, disse Lima ao NPagro. O Irã lidera a produção global de ureia, e é a principal origem das importações brasileiras.

Com a proximidade do começo da semeadura da próxima safra de grãos (2025/26) no Brasil, em setembro, o analista acredita que há pouco espaço para recuos expressivos. Além disso, realça a Consultoria Agro do Itaú BBA em relatório divulgado esta semana, a demanda da Índia também está aquecida e, assim, mesmo o restabelecimento da oferta de gás natural do Egito tem sido insuficiente para baratear a ureia no mercado externo.

Os analistas do banco realçam, ainda, que as cotações dos nutrientes derivados do fosfato tendem a continuar elevadas, ampliando a pressão sobre os custos de produção no Brasil. O MAP vendido no país, por exemplo, já subiu US$ 130 este ano e está custando atualmente pouco menos de US$ 770, sem viés de baixa. “Aumentos nos preços do ácido fosfórico, matéria-prima para a produção do fertilizante, seguem sinalizando tendência de valorização ao longo da cadeia. A demanda segue firme, no Brasil e na Índia”, avalia o Itaú BBA.

A Consultoria Agro do banco destaca que, na área de potássicos, há poucas novidades e que a tonelada têm permanecido em torno de US$ 360 nas últimas semanas. Mas as poucas novidades que surgiram recentemente são altistas. “Ao redor do globo, os preços sinalizam aumento, diante de acordos firmados entre China e Índia que estabeleceram novos pisos de preço para o produto”, informa.

O banco lembra, finalmente, que a recente desvalorização do real em relação ao dólar também poderá pesar nos custos de produção agrícola no Brasil, uma vez que torna fertilizantes – e defensivos – mais caros para os agricultores. “No caso dos fertilizantes, que já estão em patamares altos, o impacto poderia vir em uma relação de troca com os grãos ainda pior”. Como já informou o NPagro, com a alta de custos a expectativa é de arrefecimento das vendas de fertilizantes no país nos próximos meses. Mas, mesmo assim, a aceleração observada na primeira metade do ano deverá garantir aumento em 2025 como um todo.

No que se refere aos defensivos, Khalil de Lima, da Reach Capital, realça que o cenário poderá se tornar mais negativo para os produtores rurais caso a disputa tarifária com os Estados Unidos ganhe escala. Se, de fato, os EUA impuserem a taxa adicional de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto e o governo Lula reagir na mesma moeda, o glifosato, princípio ativo comum nas lavouras de grãos, ficará mais caro por aqui.

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