Após os resultados recorde registrados em 2024, a BRF acredita que tem pela frente mais um ano de cenário positivo, sobretudo no front internacional, onde a relação global entre oferta e demanda permanece ajustada nos mercados de carne de frango e de carne suína. No Brasil, o risco de queda de margens está no radar da empresa, mas, no momento, a demanda está aquecida, particularmente a de alimentos processados, e planos de investimento em expansão continuam em gestação.
“Esperamos para 2025 a continuidade da jornada, com a abertura de um novo capítulo de crescimento”, afirmou Miguel Gularte, CEO da BRF, em teleconferência com analistas na manhã desta quinta-feira. Esse novo capítulo também envolve o contínuo fortalecimento das marcas Sadia e Perdigão, que recuperaram espaço e encerraram 2024 com market share de 40,8% em 2024 no Brasil, o aumento do número de pontos de venda no país e o aprofundamento de ganhos de eficiência derivados do programa BRF+, que atingiu captura de R$ 1,5 bilhão ao longo do ano passado.
A companhia controlada pela Marfrig encerrou 2024 com números robustos, até acima das expectativas de muitos analistas. O lucro líquido anual, o maior da história, alcançou R$ 3,692 bilhões, ante prejuízo de R$ 1,869 bilhão em 2023. Na mesma comparação, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado mais do que dobrou e atingiu R$ 10,508 bilhões, enquanto a receita líquida subiu 14,5%, para R$ 61,379 bilhões. Houve geração de caixa de R$ 6,524 bilhões, e a alavancagem caiu de 2,01 vezes para 0,79 vez.
No segmento “Brasil”, a receita líquida aumentou 7,4%, para R$ 28,841 bilhões, o lucro bruto registrou incremento de 30,7%, para R$ 7,734 bilhões, e o Ebitda ajustado subiu 45,5%, para R$ 4,469 bilhões (margem Ebitda ajustada de 15,5%, ante 11,4% em 2023). Aumento de custos com mão-de-obra (relacionados à inflação) e com insumos no quarto trimestre restringiram margens, mas há espaço para repasse de preços, tendo em vista inclusive os bons volumes negociados em janeiro e fevereiro, que surpreenderam a própria companhia. “O ano começou muito bem”, resumiu o CFO Fabio Mariano.
Embora as cotações dos grãos (milho e soja) tenham dado sinais de maior firmeza nos últimos meses, o executivo observou que a safra recorde que já começou a ser colhida no Brasil será positiva para os custos com insumos – sobretudo os da soja, tendo em vista que as previsões da BRF para a colheita superam de longe as oficiais. Enquanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) espera que a produção de soja alcance 166,3 milhões de toneladas, a BRF projeta 174 milhões.
No segmento “Internacional”, a receita líquida avançou 15,6% em 2024, para R$ 28,249 bilhões, o lucro bruto cresceu 152,9%, para R$ 7,398 bilhões, e o Ebitda ajustado chegou a R$ 5,706 bilhões, com incremento expressivo de 431,8% (margem Ebitda ajustada de 20,2%, ante 4,4% em 2023). Em um mercado onde a relação entre oferta e demanda seguem ajustada, os preços subiram e a conquista de novas habilitações para exportação (84 em 2024) colaborou para melhorar o poder de arbitragem da companhia, e a diversificação deverá ter prosseguimento este ano.
“Temos no pipeline 50 novas habilitações previstas para 2025”, disse Mariano aos analistas. A BRF ainda aguarda o reinício das vendas para a Europa, onde preços e consumo estão atraentes, e também quer o fim da suspensão das exportações de três plantas situadas no Rio Grande do Sul para a China. Em novembro, a empresa anunciou a aquisição de uma fábrica de processados em Henan, na China.
Se tudo correr bem, investimentos orgânicos e eventuais aquisições deverão movimentar a BRF em 2025, no Brasil e/ou no exterior. “Vamos seguir atentos a projetos que façam sentido”, afirmou Miguel Gularte.
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