Arauco lança pedra fundamental do maior projeto de sua história

Fábrica da empresa entra em operação no fim de 2027, com capacidade produtiva para 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano
Alexandre Inacio

As extensas pastagens que dominaram durante as últimas cinco décadas toda a região leste de Mato Grosso do Sul aos poucos estão dando lugar a uma nova atividade econômica. Partindo da capital Campo Grande para o lado direito do mapa, os pastos, muitos ainda degradados, começam a dividir a paisagem com as novas áreas de eucalipto.

Uma das mais recentes responsáveis por essa mudança de cenário é a chilena Arauco. A empresa lançou ontem a pedra fundamental de uma fábrica de celulose no pequeno município de Inocência, que tem uma população ao redor de 8 mil pessoas.

Batizado de projeto Sucuriú, a planta de celulose será a primeira da empresa no Brasil e o maior já realizado em sua história. Há 23 anos em território nacional, a atuação da Arauco até agora ocorria apenas por meio de cinco unidades de produtos à base de madeira, 

A empresa já começou a desembolsar parte dos US$ 4,6 bilhões que serão investidos ao longo dos próximos dois anos – o valor é equivalente ao orçamento de Mato Grosso do Sul em 2025. As obras de terraplanagem estão em fase final e nos próximos três meses devem dar lugar às obras civis. A conclusão do projeto é esperada para o último trimestre de 2027, com o ápice da produção sendo alcançado no início de 2028.

Quando estiver a pleno vapor, a fábrica de Inocência produzirá por ano 3,5 milhões de toneladas de celulose. Para tentar ilustrar a dimensão do projeto, os responsáveis pela obra estimam que a quantidade de aço que será usada seria suficiente para construir três torres Eiffel. O volume de concreto ergueria dois estádios do Maracanã.

Diante da grandiosidade do projeto, garantir matéria-prima para abastecer a unidade passa a ser fundamental. A própria Arauco estima que precisará de 400 mil hectares de eucalipto plantados para atender sua demanda. 

Segundo Carlos Altimiras, presidente da Arauco Brasil, perto de 80% dessa área já está garantida por meio de parcerias com produtores locais, construídas ao longo dos últimos anos. Foram esses contratos de fornecimento que contribuíram para a mudança da paisagem da região.

“Não vejo preocupação de conseguir atingir os 400 mil [hectares] daqui a 2027, que é quando termina o desenvolvimento do projeto. Hoje, estamos praticamente na casa de 60 mil a 65 mil hectares plantados por ano e com isso vamos conseguir atingir atender a demanda de madeira que nossa fábrica passará a ter”, disse o executivo.

Nem mesmo a concorrência por áreas de eucalipto preocupa Altimiras. O projeto Sucuriú será a quarta planta de celulose a se instalar em Mato Grosso do Sul. Em Ribas do Rio Pardo, a Suzano inaugurou em dezembro seu mais recente projeto de celulose. Porém, está a mais de 200 quilômetros de Inocência

Já em Três Lagoas, a Eldorado Brasil opera sua fábrica, juntamente com outra da Suzano, onde possui duas linhas. Na avaliação do executivo, o fato de estarem a cerca de 100 quilômetros de distância reduz a concorrência por madeira. No caso da Arauco, a base florestal do projeto está, em média, a 90 quilômetros de distância.

Estratégia Global

O investimento da Arauco em Mato Grosso do Sul faz parte da estratégia global da companhia de diversificação geográfica. Com fábricas de celulose no Chile, Argentina, Uraguai, México e Estados Unidos, a instalação de uma unidade no Brasil posicional a empresa como um dos grandes players ddo cenário mundial, com mais de 1 milhão de hectares plantados.

“Conseguimos fornecer nosso produto a partir de distintas partes do mundo. Em um olhar de longo prazo, isso é uma vantagem e tornará a empresa muito mais forte no longo prazo”, disse Altimiras. Hoje, 65% da receita global da Arauco vem das operações de celulose. Os 35% restantes são gerados a partir do negócio de madeira.

Mas não é apenas a diversificação geográfica que está na mira da Arauco. A empresa aposta também na diversificação de produtos, como a celulose de fibra longa, produzida no Chile a partir do pinus, celulose para produção de fraldas e fins higiênicos (tissue) e também celulose solúvel, destinada à indústria têxtil.

“A diversificação de produtos de fibra e também a diversificação geográfica permitem fortalecer nosso posicionamento no mundo e na indústria”, disse o executivo.

*O jornalista viajou a convite da Arauco

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