Dólar e juros levaram BrasilAgro ao prejuízo no 2º trimestre do atual exercício

Resultado negativo alcançou R$ 19,6 milhões; Ebitda ajustado atingiu R$ 31 milhões
Fernando Lopes

A BrasilAgro, que atua nas áreas de compra e venda de propriedades rurais e de produção de grãos, fibras e bioenergia, encerrou o segundo trimestre de seu atual exercício, em dezembro, com prejuízo líquido de R$ 19,6 milhões, ante perda de R$ 5,8 milhões no mesmo período do ano-fiscal anterior. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da companhia alcançou R$ 31 milhões, contra um resultado negativo de R$ 12,6 milhões um ano antes, e a receita líquida chegou a R$ 153,1 milhões, com leve aumento de 1%.

O prejuízo observado entre outubro e dezembro do ano passado foi diretamente influenciado por um resultado negativo sem efeito caixa de R$ 86,6 milhões em operações com derivativos, em larga medida decorrente da disparada do dólar em relação ao real no intervalo. “Começamos o trimestre com o dólar por volta de R$ 5,60, e em 30 de dezembro a moeda americana valia R$ 6,20. Com isso, tivemos oscilações nos preços das mercadorias e nos derivativos”, afirmou André Guillaumon, CEO da BrasilAgro, em conversa com jornalistas. O aumento dos juros futuros também pesou sobre as operações com derivativos, que fazem parte da estratégia de hedge da empresa.

Não houve negócios de compra ou venda de propriedades no segundo trimestre do atual exercício. Assim, a performance da companhia foi definida pelo segmento operacional, que envolve a produção de grãos, fibras e bioenergia. No primeiro trimestre (julho a setembro de 2024), a empresa obteve receita líquida imobiliária de R$ 129,3 milhões, e entre outubro e dezembro de 2023 a receita líquida no segmento foi de R$ 4,8 milhões. A BrasilAgro não tem a expectativa de vender ativos nos próximos trimestres, embora esteja aberta a receber propostas, mas aquisições estão no radar.

A postura compradora decorre sobretudo da queda dos preços da soja, embora o aumento dos juros no país tire um pouco de liquidez do mercado. Guillaumon lembrou que o nível de alavancagem de muitos produtores rurais está elevado e que já houve diversos pedidos de recuperação judicial no campo no último ano. Assim, disse ele, poderão aparecer oportunidades de aquisição de fazendas por “estresse financeiro”. O executivo também observou que a concorrência de fundos de investimentos pela compra de terras diminuiu com o cenário setorial e econômico mais adverso.

O dólar recuou em relação ao real nas últimas semanas, mas o câmbio atual continua favorável às exportações de commodities como soja, milho e açúcar, carros-chefe da produção da BrasilAgro. E o clima beneficiou o plantio de grãos da empresa nesta safra 2024/25, o que tende a gerar resultados positivos no trimestre atual e no próximo. A área de cultivo de soja cresceu 10% na comparação com a temporada 2023/24, para 77,5 mil hectares, e a de milho verão aumentou 67%, para 6 mil hectares. “O plantio foi um relógio”, resumiu Guillaumon.

No caso da cana, foram pouco mais de 30 mil hectares em 2024/25, com melhora do mix de produção entre açúcar e etanol, hoje menos concentrado no biocombustível. “Vamos continuar ampliando nossa área de cana nos próximos meses e anos”, afirmou o CEO. No processo de diversificação do portfólio de cultivos, que tem por objetivo diluir riscos, algodão, feijão e gergelim seguem ganhando espaço nas terras da empresa. “Vamos intensificar a produção de feijão para exportação”, disse Guillaumon.

No segmento imobiliário, o portfólio de propriedades da empresa fechou o segundo trimestre do exercício com 271 mil hectares no total. No Brasil, a área útil chega a 158,4 mil hectares (89,5 mil próprios e 68,9 mil arrendados), no Bolívia soma 9 mil hectares (7,9 mil próprios e 1,1 mil arrendados) e no Paraguai atinge 33,6 mil hectares, 100% próprios. Guillaumon adiantou que vai para o Paraguai nos próximos dias para prospectar oportunidades de arrendamento.

“Já temos muitas terras próprias no Paraguai. É interessante equilibrarmos o portfólio para que as operações no país caminhem por conta própria”, afirmou o executivo. Se com as terras próprias o custo de capital é menor e oportunidades de venda podem aparecer a qualquer momento, nas terras arrendadas, mais maduras, os resultados operacionais costumam ser melhores. 

Nos seis primeiros meses do atual exercício, a BrasilAgro registrou lucro líquido de R$ 77,8 milhões, três vezes superior ao de igual intervalo do ano-fiscal anterior. Na comparação, o Ebitda ajustado total subiu de R$ 10,8 milhões para R$ 200,4 milhões, e a receita líquida aumentou 43%, para R$ 607,7 milhões.

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