Consumo forte de carnes e alimentos processados nos principais países em que atua, demanda aquecida por proteínas no mercado internacional em geral. Essa combinação foi fundamental para os resultados positivos obtidos pela JBS em 2024, e a empresa confia na manutenção do cenário favorável para continuar a crescer em 2025, independentemente dos desafios que envolvem a oferta – que poderão se aprofundar.
Para os negócios de bovinos, uma demanda robusta poderá compensar, por exemplo, mais um ano de ciclo pecuário de baixa oferta de bovinos nos Estados Unidos e de início de virada de ciclo no Brasil, onde a disponibilidade de animais tende a ficar menor, sobretudo no segundo semestre. Na área de carnes de frango e suína, o principal risco a ser driblado é a curva de elevação de custos com rações, especialmente de milho, cujos estoques globais estão em queda nesta safra internacional 2024/25.
“Nossas operações nos EUA melhoraram bastante, tanto na parte comercial quanto na fabril. O ano passado foi mais difícil que 2023, mas tivemos uma performance melhor. E 2025 será ainda mais desafiador”, disse Wesley Filho, CEO da JBS Beef North America, em teleconferência com analistas nesta quarta-feira. Essa divisão encerrou 2024 com receita líquida de R$ 131,3 bilhões, 12,9% mais que no ano anterior, Ebitda ajustado de R$ 1,4 bilhão (+148,5%) e margem Ebitda ajustada de 1,1% (+0,6 pp).
Também para as operações de bovinos no Brasil a boa demanda colaborou para os resultados, nos fronts doméstico e, principalmente, externo, com as exportações ganhando terreno no faturamento. No total, a receita líquida da JBS Brasil cresceu 22,,8% em 2024, para R$ 68,2 bilhões, o Ebitda ajustado atingiu R$ 5,3 bilhões (+126,1%), e a margem Ebitda ajustada foi de 7,7% (+3,5 pp).
No caso dos negócios de aves e suínos, a combinação entre consumo firme e custos mais baixos produziu resultados memoráveis. Na subsidiária americana Pilgrim’s Pride, a receita aumentou 11,2% no ano passado, para R$ 96,3 bilhões, o Ebitda ajustado subiu 91,5%, para R$ 14,6 bilhões, e a margem Ebitda ajustada chegou a 15,2% (+6,4 pp). Paralelamente, na JBS USA Pork a receita alcançou R$ 43,8 bilhões (+13,7%), o Ebitda ajustado bateu em R$ 5,8 bilhões (+120,9%), e a margem Ebitda ajustada registrou incremento de 6,4 pontos percentuais, para 15,2%.
No Brasil, a Seara não ficou atrás. A receita líquida da subsidiária cresceu 14,7%, para R$ 47,4 bilhões, o Ebitda ajustado subiu 365,5%, para R$ 8,4 bilhões, e a margem Ebitda ajustada foi a maior de todas as frentes de negócios da gigante de proteínas: 17,7%, com um expressivo incremento de 13,4 pontos percentuais. Para Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, embora o preço do milho seja um ponto de atenção, o viés para o segundo semestre é de redução de custos, tendo em vista as projeções de boas colheitas para a safrinha que está sendo plantada no Brasil e de avanço na produção dos EUA na próxima temporada (2025/26).
Esses resultados da Seara, realçou Tomazoni, vieram acompanhados pela maturação de recentes investimentos em expansões e melhorias operacionais e também pela melhora do mix de produtos, onde itens de melhor valor agregado ganharam espaço. “Essa melhora de performance vai continuar”, prometeu o CEO aos analistas.
Ainda durante a teleconferência, os executivos da JBS afirmaram que o capex para 2025 é de US$ 2 bilhões, para aportes em expansão, modernização e manutenção. Como de costume, a companhia continua de olho em oportunidades de aquisição em linha com sua estratégia de diversificação regional e de proteínas, até porque sua alavancagem encerrou 2024 em baixo patamar (1,89 vez em dólar no quarto trimestre). Nessa linha, a última tacada foi a aquisição da Mantiqueira Brasil, uma das maiores produtoras de ovos do país.
Sobre o processo que deverá levar à dupla listagem dos papéis da empresa, nos EUA e no Brasil, a expectativa dos executivos é que o processo caminhe para ser concluído ainda neste ano, desde que seja aprovado pelos acionistas minoritários. A BNDESPar, que detém 20,8% do capital da JBS, já informou que deverá se abster na votação que definirá o futuro do plano.
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