Minerva entra com recurso no Cade para que fusão de Marfrig e BRF seja reavaliada

Empresa da família Vilela de Queiroz teme ser prejudicada nos mercados de carne bovina e alimentos processados
Fernando Lopes

A Minerva Foods confirmou as expectativas e entrou com recurso no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a aprovação sem restrições da Superintendência Geral da autarquia à incorporação das ações da BRF pela Marfrig. A Minerva reivindica que o Cade reconheça a necessidade de aprofundamento da análise dos impactos concorrenciais da fusão e que também seja levada em consideração no processo a entrada de sua acionista Salic no capital da Marfrig em virtude da operação.

“As questões aqui trazidas precisam ser melhor examinadas e exigem, inclusive, a coleta de informações com os agentes atuantes nos diversos elos da cadeia de proteína animal, para verificação de dados qualitativos e quantitativos sobre a concentração no mercado de processados, o aumento do poder de compra de insumos para alimentos processados e o incremento no poder de portfólio, além da possibilidade de alinhamento derivado da entrada da Salic na Marfrig”, diz o recurso apresentado pela empresa da família Vilela de Queiroz

Em um primeiro momento, a Superintendência Geral do Cade aprovou a incorporação das ações da BRF pela Marfrig sem restrições, abrindo caminho para a criação da MBRF, uma gigante de proteínas e alimentos processados com faturamento anual superior a R$ 150 bilhões. Mas o recurso da Minerva já era esperado pelo mercado desde que a companhia foi habilitada pelo Cade como terceira parte interessada no ato de concentração relativo à união, em meados deste mês.

Afora as questões indiretas envolvendo os diversos elos da cadeia de proteína animal, a Minerva considera que será diretamente afetada pela criação da MBRF por ser concorrente da Marfrig na comercialização de carne bovina in natura e por fornecer carne para Marfrig e BRF para a produção de alimentos processados. No recurso, a Minerva realça que, embora a Marfrig já seja a controladora da BRF, os minoritários da dona das marcas Sadia e Perdigão hoje podem questionar medidas que eventualmente beneficiem a Marfrig. possibilidade que não mais existirá se a fusão for aprovada.

Sobre a entrada da Salic na MBRF, com participação pouco superior a 10% (tendo em vista que o fundo árabe é acionista da BRF), a Minerva, cuja receita líquida se aproximou de R$ 35 bilhões em 2024 e na qual a Salic tem 24,5% do capital social, teme o acesso da concorrente a informações privilegiadas que podem gerar risco de alinhamento entre a companhia e a Marfrig.

“A operação contempla, de forma interligada, a migração dos atuais acionistas da BRF – entre eles a Salic e a Previ [fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil] – para a estrutura acionária da Marfrig, mediante troca de ações na proporção de 0,8521 aão da Marfrig para cada ação da BRF. Trata-se, portanto, de uma operação complexa, com repercussões que extrapolam o âmbito societário e trazem uma preocupação adicional à dinâmica concorrencial dos mercados afetados”, afirma o recurso da Minerva.

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