Nova tarifa dos EUA golpeia carne bovina, suco de laranja e café do Brasil

Produtos brasileiros perderão competitividade no mercado americano com taxa de 50%, que deverá entrar em vigor em 1º de agosto
Fernando Lopes
(Crédito: Wenderson Araujo/Sistema CNA/Senar)

A imposição, pelos Estados Unidos, de uma tarifa de 50% sobre as importações de produtos do Brasil, anunciada ontem pelo presidente Donald Trump, tende a ceifar a competitividade de importantes produtos do agro brasileiros vendidos no mercado americano, com destaque para carne bovina, suco de laranja e café, que têm nos EUA um dos mais importantes destinos para os embarques. No primeiro round de seu ataque protecionista, os EUA já impuseram tarifa de 10% sobre as importações brasileiras.

“Não é bom para o Brasil, nem para os Estados Unidos. Temos uma posição confortável, já que somos o principal fornecedor de café e carne bovina para o país, mas será necessário um acordo muito bem coordenado para reverter isso”, afirmou o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Sérgio Bortolozzo, em nota. O Brasil também é o principal exportador de suco de laranja para os EUA.

Por atravessar um período de baixa oferta de gado, o país de Trump se tornou o segundo principal mercado para a carne bovina brasileira no exterior. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), os EUA importaram 321,8 mil toneladas de carnes in natura (que já paga tarifa de 26,4%) e processadas, além de miudezas comestíveis e outros subprodutos, de janeiro a maio, 78,7% mais que no mesmo período de 2024. Na mesma comparação, a receita mais que dobrou e atingiu US$ 1,1 bilhão, menos apenas do que renderam os embarques à China (US$ 2,5 bilhões).

Com a tarifa de 50%, que deverá entrar em vigor no dia 1º de agosto, o preço médio dos cortes exportados aos EUA, que aumentou quase 20% e atingiu US$ 3,4 mil a tonelada nos cinco primeiros meses deste ano, poderá se aproximar de US$ 7 mil, o que tende a abrir espaço para concorrentes como Austrália, Argentina e Uruguai. A Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, conta com operações nesses três países, e já informou que, com essa diversificação geográfica, conseguirá minimizar eventuais perdas.

“A companhia informa que acessa o mercado dos EUA por meio de suas operações no Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Austrália. Considerando os resultados dos últimos 12 meses, a exposição consolidada da companhia ao mercado norte-americano foi de aproximadamente 16% da receita, com o Brasil representando cerca de 30% dessa exposição. Desse modo, as exportações brasileiras e sujeitas à nova política tributária, apresentam impacto potencial máximo ao redor de 5% da receita líquida”, realçou a Minerva, em comunicado.

Também é grande o peso dos EUA para os exportadores brasileiros de suco de laranja, principalmente em tempos de oferta também reduzida do produto naquele país, por questões climáticas e fitossanitárias. Segundo dados divulgados pela CitrusBR, que representa Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus Company, as vendas ao mercado americano somaram US$ 1,3 bilhão na safra 2024/25 (encerrada em junho), ou 41,7% do total – menos apenas que os embarques para a União Europeia, que renderam US$ 1,7 bilhão.

“Essa nova tarifa representa um aumento de 533% sobre os US$ 415 por tonelada que já são cobrados sobre o suco brasileiro. Considerando a cotação da bolsa de Nova Iorque em 9 de julho (US$ 3,6 mil por tonelada de suco concentrado, ou FCOJ), cerca de US$ 2,6 mil — ou 72% do valor total do produto — passariam a ser recolhidos em tributos, inviabilizando as exportações para aquele mercado sem que haja graves prejuízos para toda a cadeia. Trata-se de uma condição insustentável para o setor, que não possui margem para absorver esse tipo de impacto. E a medida também afeta empresas americanas que têm no Brasil o seu principal fornecedor de suco de laranja”, lamentou a CitrusBR, em nota.

No caso do café, os EUA foram o destino mais importante para os embarques brasileiros de janeiro a maio. De acordo com o Cecafé, entidade que representa os exportadores, as compras americanas de todos os tipos de café (verde, industrializado e solúvel) alcançaram quase 3,5 milhões de sacas de janeiro a maio, 17,4% menos que no mesmo período de 2024. Mesmo com a queda, o volume superou em 17% do segundo principal destino, que foi a Alemanha.

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