Raízen fecha exercício 2024/25 com prejuízo de R$ 4,2 bi e acelera mudanças

Para reduzir endividamento, empresa busca vender ativos, simplificar operação, cortar despesas e racionalizar investimentos
Fernando Lopes

Após encerrar o quarto trimestre do exercício 2024/25 com forte queda do resultado operacional, aumento do prejuízo e alavancagem elevada, a Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, partiu para a temporada 2025/26, em abril, com o compromisso de aprofundar o processo em curso de reciclagem do portfólio de ativos, simplificação da operação, redução de despesas e racionalização de investimentos. Com isso, reforçou o CEO Nelson Gomes em teleconferência com analistas na manhã desta quarta-feira, a empresa espera reduzir seu endividamento e gerar mais valor para seus acionistas.

De janeiro a março, a Raízen registrou prejuízo líquido de R$ 2,514 bilhões, quase três vezes maior que a perda observada em igual intervalo do ano-fiscal 2023/24. Com isso, o prejuízo em toda a temporada chegou a R$ 4,177 bilhões, ante lucro líquido de R$ 614,2 milhões no exercício anterior. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado caiu 54,6% no trimestre, para R$ 1,721 bilhão, e 25,9% no ano, para R$ 10,82 bilhões. No caso da receita líquida, houve incremento trimestral de 7,5%, para R$ 57,727 bilhões, e anual de 15,8%, para R$ 255,269 bilhões.

“Foram resultados abaixo das expectativas”, reconheceu Gomes, que em diversos momentos da teleconferência destacou a necessidade de a Raízen construir uma estrutura de capital melhor. A dívida líquida da empresa encerrou 2024/25 em R$ 34,264 bilhões, 78,9% maior que no fim do ciclo 2023/24, e a alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado) aumentou de 1,3 vez para 3,2 vezes na comparação. A recém-anunciada venda da Usina de Leme, em Piracicaba (SP), por R$ 425 milhões, certamente vai colaborar para conter a alavancagem, e outras negociações de ativos deverão acontecer ao longo deste exercício 2025/26.

Também o clima não deverá ser tão vilão nesta safra como foi na última. Com a seca e as queimadas de 2024/25, a moagem de cana da Raízen diminuiu 7,1%, para 78,2 milhões de toneladas, e deixou como saldo quedas de 12,6% na produção de açúcar, para 5,103 milhões de toneladas, e de 0,3% na fabricação de etanol, para 3,137 bilhões de litros. Em boa medida graças aos menores volumes, mas também à redução de preços, o Ebitda ajustado da divisão de Açúcar, Etanol e Bioenergia diminuiu 77, 4% no quarto trimestre de 2024/25, para R$ 481,7 milhões, e 18,1% em todo o exercício, para R$ 5,964 bilhões.

Ventos mais favoráveis deverão ajudar a melhorar os resultados nessa frente, mas volumes do passado não deverão ser vistos novamente. Com os desinvestimentos em andamento, a expectativa da Raízen é processar entre 72 milhões e 75 milhões de toneladas de cana nesta safra 2025/26, com maior participação do açúcar no mix – entre 52% e 54% – e melhor rentabilidade nas operações com a commodity. Essa melhora também passa pela “redefinição do perímetro de atuação” na área de trading, com a intenção de maximizar o valor do açúcar próprio da empresa e buscar um “posicionamento integrado” na cadeia do etanol.

Menos ambiciosos do que sinalizaram as projeções iniciais, os investimentos em etanol celulósico, de segunda geração (E2G), terão continuidade em 2025/26 com avanços nas construções de quatro unidades – Vale do Rosário e Gasa, que já estão 44% e 35% construídas, e Univalem e Barra, ambas em fase final de comissionamento e com autorização emitida pela ANP.. Na safra 2024/25, a produção de E2G da companhia avançou 63,3%, para 58,8 milhões de litros.

Os negócios de distribuição de combustíveis no Brasil e na Argentina aparentemente preocupam menos a direção da Raízen. “A operação está bem. Há uma série de desafios, mas as margens estão positivas”, afirmou Nelson Gomes. Ainda assim, no Brasil o Ebitda ajustado normalizado recuou 17% em todo o exercício 2024/25 no Brasil, para R$ 4,226 bilhões. e na Argentina o Ebitda ajustado diminuiu 17,1%, para R$ 447,5 milhões.

Vendas de defensivos biológicos somaram R$ 4,4 bilhões em 2024/25, diz Kynetec

Segundo a empresa, aumento em relação à temporada 2023/24 foi de 18%

Produtividade dos canaviais do Centro-Sul deu sinais de reação em outubro

Segundo o CTC, média alcançou 64,6 toneladas por hectare, 4,3% mais que no mesmo mês de 2024

Receita das exportações brasileiras de café cresceu 12,6% em outubro

Segundo o Cecafé, volume dos embarques recuou 20% ante o mesmo mês de 2024; setor espera o fim do tarifaço americano

Após tragédia causada por tornados, novas tempestades ameaçam o Sul

Amanda Balbino, agrometeorologista da Ampere Consultoria, alerta para novos riscos na região, incluindo vento forte e granizo

Resenha NPagro: A COP-30, com alertas da FAO e oportunidades para o Brasil

Inscreva-se para receber
as notícias gratuitamente

Ao inserir seu e-mail, você concorda em receber a newsletter do NPAgro. Você pode cancelar sua inscrição a qualquer momento

MAIS LIDAS

Economia

Ministério da Fazenda suspende financiamentos do Plano Safra 2024/25

Secretaria do Tesouro enviou ofício às instituições financeiras determinando a suspensão de novas contratações de crédito rural subvencionado

Indústria

Faturamento da C.Vale caiu 10% em 2024, mas sobras aumentaram 25%

Receita da cooperativa paranaense alcançou R$ 22 bilhões, prejudicada por grãos

Insumos

Solubio volta a crescer e aposta em nova microalga para consolidar retomada

Após dois anos difíceis, empresa de biológicos “on farm” teve Ebitda recorde no 1º trimestre e prevê faturar mais de R$ 200 milhões este ano