No Brasil, colheita recorde de grãos; no exterior, preços mais firmes de soja e milho e … Donald Trump. Para a SLC, uma das maiores produtoras de soja, milho e algodão do país, essa combinação tende a gerar resultados positivos ao longo deste exercício 2025, capazes de devolver a companhia aos trilhos do crescimento após os problemas causados por quebra de safra e redução de preços em 2024.
Em teleconferência com analistas sobre os resultados da SLC no ano passado, o CEO da companhia, Aurélio Pavinato, observou que, no mercado internacional, as cotações de soja e milho tendem a encontrar maior sustentação neste ano – sobretudo os de milho, cuja relação global entre estoque e demanda está bem menos folgada que no caso da soja.
Ao mesmo tempo, realçou o executivo, as turbulências comerciais provocadas pelo presidente americano, especialmente nas relações com a China, poderão abrir espaço para os grãos brasileiros, embora os tremores causados por Trump à economia dos EUA possa resultar em baixa das cotações do algodão.
No caso da soja, afirmou, a nova política comercial dos EUA tem pressionado os preços no mercado americano, mas para o Brasil até agora os reflexos são positivos, uma vez que os prêmios nos portos estão positivos mesmo com o avanço de uma colheita que será a maior da histórica, como confirmaram novas estimativas de Conab e IBGE.
Pavinato destacou, contudo, que grande parte dos estoques globais de soja, atualmente em patamar particularmente elevado, está na China, que lidera as importações mundiais e é o principal cliente do Brasil nessa frente e para o agro como um todo. Mas, de uma maneira geral, disse Pavinato aos analistas, a “guerra comercial beneficia o Brasil como fornecedor seguro de alimentos”.
Nesse contexto, a área plantada com soja nas fazendas da SLC aumentou 18% nesta safra 2025/26, para 377,5 mil hectares. A área de algodão, concentrada na segunda safra, recuou 5,1%, para 179,1 mil hectares, enquanto a de milho (safrinha) cresceu 30,7%, para 124,4 mil hectares. No total, portanto, a área de cultivo da empresa chegou a 731,6 mil hectares, em alta de 10,6%. Na média, o custo de produção tende a diminuir 5,4% em 2024/25.
Colaboraram para esse avanço aquisições as joint ventures formadas com as empresas Agro Penido e Agropecuária Rica e um arrendamento, que, somados, agregaram 60,2 mil hectares. Não faz parte da conta a recente aquisição da Sierentz Agro Brasil, cujos 100 mil hectares arrendados entrarão no pipeline da SLC no próximo ciclo (2025/26).
Até 31 de dezembro, 67,2% da soja produzida pela SLC estava com preços fixados (US$ 11,51 por bushel, em média). No algodão, o percentual chegava a 49,1% (76,90 cents por libra-peso), e no milho, a 35% (23,2% a R$ 50,61 por saca e 11,8% a US$ 8,62 por saca). O quadro geral, dessa forma, é muito mais positivo do que a realidade de 2024.
Com a quebra da safra brasileira de grãos em 2023/24 e a baixa das cotações de produtos como soja e milho, no ano passado como um todo a SLC viu seu lucro líquido cair 48,6%, para R$ 481,7 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado registrou redução de 24,8%, para R$ 2,037 bilhões, e a receita líquida ficou em R$ 6,916 bilhões, em queda de 4,4%.
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