No tabuleiro da guerra comercial entre China e Estados Unidos, reiniciada após a volta de Donald Trump à Casa Branca, foi a vez de Pequim fazer sua jogada. A Administração Geral das Alfândegas da China (GACC) mudou o status de 38 empresas americanas exportadoras de carnes (bovina, de frango e suína) e de lácteos, ao longo de fevereiro.
Na prática, 84 estabelecimentos americanos não tiveram sua habilitação de exportação renovada. O segmento mais atingido foi o de frango, com 71 unidades, seguido por sete indústrias lácteas, quatro de carne bovina e duas de suínos.
No início do mês, venceu o prazo de validade das habilitações das indústrias de leite. Entre elas estavam duas unidades instaladas nos Estados Unidos da canadense Saputo, uma das dez maiores processadoras de leite do mundo e que está entre as três principais no mercado americano.
O sinal de alerta acendeu no dia 19 de fevereiro, quando foi a vez das indústrias de carnes serem impactadas. De uma só vez, 77 estabelecimentos passaram a aparecer no sistema da GACC como se estivessem com documentos atrasados para o processo de renovação das habilitações.
Na lista aparecem sete indústrias de frango da Tyson Foods, dez estabelecimentos da Wayne-Sanderson Farms e sete da Paco Foods – respectivamente a primeira, terceira e oitava maiores empresas de aves dos Estados Unidos. No segmento de bovinos e suínos, unidades de Americold, Central Valley Meat e Agro Merchants Group foram impactadas.
Diante do quadro, o escritório chinês do Serviço de Agricultura Estrangeira (FAS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) emitiu nesta semana um alerta. No relatório, o órgão diz que tanto o Food Safety and Inspection Service (FSIS), do USDA, quanto a Food and Drug Administration (FDA) fizeram repetidas solicitações ao GACC para estender a data de validade das habilitações das empresas.
O argumento dos reguladores americanos era que as instalações permaneciam em boas condições e, consequentemente, elegíveis para receber a documentação de exportação de reguladores dos Estados Unidos para suas remessas para a China.
Segundo o relatório do órgão americano, a equipe do GACC “não agiu em solicitações formais do USDA ou do FDA solicitando que os registros de estabelecimentos fossem renovados”. Diz ainda que “até 25 de fevereiro de 2025, o GACC não forneceu nenhuma comunicação aos reguladores do governo dos Estados Unidos sobre esses estabelecimentos”.
Diante do imbróglio burocrático, o escritório chinês do FAS disse que não foi informado sobre nenhuma remessa dos Estados Unidos, partindo das unidades envolvidas, que tenha sofrido atraso ou sido recusada no desembaraço aduaneiro. Por conta disso, entende que os “exportadores podem continuar a solicitar a documentação apropriada”.
Porém, como todo cuidado é pouco na relação EUA-China, o próprio escritório do USDA recomenda aos exportadores que entrem em contato com as autoridades competentes para verificar se continuarão a receber os certificados de exportação.
“Os exportadores são incentivados a trabalhar em estreita colaboração com seus importadores antes de enviar o produto e a tomar as medidas adequadas para gerenciar o risco comercial”, diz o relatório do FAS.
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