Embora o presidente Donald Trump tenha pedido publicamente, no domingo, que a China quadruplique as importações de soja americana, os Estados Unidos não têm capacidade para atender a essa demanda adicional. Para tal, realça a consultoria Datagro, teriam que embarcar ao país asiático 88 milhões de toneladas do grão, ou cerca de 75% de seu volume total de produção previsto pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para esta safra 2025/26 (118 milhões de toneladas).
Em 2024, lembra a Datagro, a China importou, no total, 105 milhões de toneladas de soja, 22,1 milhões das quais, ou 21%, dos EUA – a maior parte das compras chinesas foi de soja brasileira. Para chegar a 88 milhões de toneladas, portanto, os americanos teriam que aumentar seus embarques totais em quase 70%, e direcionar todo o volume à China, o que é impossível.
“Um aumento dessa magnitude comprometeria quase que completamente as vendas dos EUA a outros destinos e afetaria a própria indústria dos EUA, que espera esmagar 69 milhões de toneladas de soja no ciclo 2025/26”, analisa a Datagro. No entanto, qualquer elevação expressiva de vendas dos EUA pode representar potencial perda de market share brasileiro – em especial considerando-se a alta representatividade brasileira nesse mercado (acima de 70% em 2023 e 2024)”, complementa.
“Assim, uma eventual perda de participação no mercado chinês poderia representar pressão sobre os preços domésticos e os prêmios – dado que não existem outros países com o mesmo potencial de consumo de soja que a China. Mercados alternativos, como Espanha, Tailândia e Turquia, têm porte muito menor e efeito limitado sobre as cotações. Por isso, o tamanho real de um eventual acordo de compras com os EUA será determinante para medir os riscos e as alternativas de escoamento da soja brasileira”, conclui da Datagro.
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