A JBS, maior processadora de proteínas do mundo, entrou na alça de mira das autoridades sanitárias americanas. Pouco mais de 9 toneladas de carne bovina exportadas a partir do Brasil foram barradas ao tentar entrar no mercado dos Estados Unidos devido à má condição do produto.
A gigante não foi a única. Grande concorrente da JBS, a Minerva Foods também teve problemas com alguns carregamentos exportados para os Estados Unidos. No caso da empresa de Barretos, as restrições se deram pela presença de “corpos estranhos” misturados no meio da carne, mas o volume foi pequeno.
Nos dias 5 e 6 de fevereiro, o Serviço de Segurança e Inspeção de Alimentos (FSIS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) inspecionou dois lotes de carne oriunda do Brasil, produzidos pela JBS na unidade de Ituiutaba (MG).
A nota de violação emitida pelo órgão sanitário americano aponta “descoloração de tons de marrom a preto, odor podre e sangue marrom” no primeiro lote. Foram rejeitadas 29 caixas do produto, o equivalente a pouco mais de 710 quilos de carne.
No segundo lote, também produzido pela JBS em Ituiutaba, o prejuízo foi maior. A nota de violação americana indica que a carne apresentava “superfícies anormais, manchadas e descoloridas com tons verdes e marrons”. Nesse caso, foram rejeitadas 380 caixas, totalizando 8,6 toneladas de produto.
Em carta encaminhada ao secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura do Brasil, Luis Rua, em 27 de fevereiro, o Serviço de Segurança e Inspeção de Alimentos americano diz que pretende apertar o cerco na fiscalização dos produtos originados em Ituiutaba.
“O FSIS realizará exames físicos de futuras remessas deste tipo de produto do estabelecimento 504 do Brasil com frequência intensificada até que considere que pelo menos 15 lotes e 15 vezes o peso do lote com falha são aceitáveis de acordo com as leis e regulamentações dos Estados Unidos”, diz o documento.
Na mesma semana, o Ministério da Agricultura brasileiro recebeu uma nova carta das autoridades sanitárias americanas. Dessa vez, o FSIS informa que uma unidade de processamento de carne dos Estados Unidos notificou a entidade, dizendo ter encontrado no dia 11 de fevereiro um “corpo estranho” em meio à carne congelada exportada pela JBS a partir da planta de Confresa (MT).

A autoridade sanitária relata ter sido encontrada uma faca de metal de 38 centímetros, misturada ao produto, dentro da embalagem. Dessa vez, as quase 9 toneladas exportadas pela JBS chegaram a ser liberadas, tendo o problema sido identificado apenas no estabelecimento de processamento. Contudo, foi a segunda notificação contra a fábrica de Confresa em menos de três meses. A primeira ocorreu em dezembro de 2024.
Procurada, a JBS foi sucinta na resposta. Por meio de nota, informou que segue os protocolos dos países como quem faz negócios e que os problemas identificados já foram sanados.
Mas não foi apenas a JBS que teve problemas com suas exportações para os Estados Unidos neste ano. Em 29 de janeiro, uma unidade de processamento dos Estados Unidos notificou ao FSIS ter identificado um pedaço de plástico em meio à carne congelada, dentro da embalagem.
Segundo a notificação, a carne partiu da unidade da Minerva Foods em Palmeiras de Goiás (GO). Outros dois incidentes foram identificados a partir da mesma planta da companhia. No segundo, foi encontrado na carne um pedaço de borracha, uma etiqueta plástica e um gancho de metal, usado no manuseio da carne dentro de frigoríficos.

O FSIS recebeu uma notificação adicional em 11 de fevereiro, dando conta da presença de um parafuso e uma arruela de metal em meio à carne originada, novamente, na planta da Minerva em Palmeiras de Goiás.
Financeiramente, o prejuízo da Minerva foi pequeno. Considerando os três incidentes, cerca de 3 quilos de carne foram condenados. “Nós o encorajamos a investigar este assunto. Se a sua investigação identificar cargas adicionais também afetadas, por favor forneça a notificação, incluindo o(s) número(s) do(s) certificado(s), ao Escritório de Coordenação Internacional”, diz a carta enviada ao Ministério da Agricultura.
Em nota, a Minerva disse que segue rigorosos protocolos de segurança, conforme as normas estabelecidas pelas autoridades sanitárias dos países onde atua. “Em caso de notificações, seguimos um protocolo interno estruturado para apuração e análise de eventuais necessidades de ajuste em nossas operações”, diz a nota da companhia.
Abaixo, o posicionamento oficial das duas companhias.
“Nossas operações seguem rigorosos protocolos de segurança, em conformidade com as normas estabelecidas pelas autoridades sanitárias dos países onde atuamos. Desde o início de nossas atividades, mantemos os mais altos padrões de controle sanitário e de higiene em todas as etapas da produção.
Adotamos um processo de fabricação criterioso, respaldado por procedimentos operacionais de higiene, práticas de biossegurança e medidas eficazes de prevenção à contaminação cruzada em todas as nossas unidades.
Em caso de notificações, seguimos um protocolo interno estruturado para apuração e análise de eventuais necessidades de ajuste em nossas operações.”
MINERVA FOODS
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“A JBS segue os mais altos padrões sanitários para garantir o fornecimento de produtos seguros e de qualidade para seus clientes e consumidores. A empresa cumpre rigorosamente os protocolos de exportação de todos os países com que faz negócios. Os episódios mencionados pela reportagem foram pontuais e já sanados”.
JBS
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